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55% das brasileiras desconhecem opções de preservação de fertilidade

Estudo mostra que, enquanto a maioria das mulheres tem o desejo de ser mãe, mais da metade delas não adota medidas para planejar sua saúde reprodutiva

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 28 nov 2024, 18h46

A falta de conhecimento sobre o planejamento reprodutivo ainda é uma realidade para muitas mulheres brasileiras. De acordo com uma pesquisa da farmacêutica Merck em parceria com o Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (IPEC), mais da metade das brasileiras (55%) desconhecem opções de preservação de fertilidade, como o congelamento de óvulos, embriões ou sêmen.

A pesquisa, realizada com mulheres entre 25 e 45 anos, revela que, apesar da crescente preocupação com a carreira e o patrimônio, muitas não consideram o planejamento reprodutivo como uma prioridade. Isso é refletido nos dados que mostram que, embora 71% das mulheres entre 25 e 35 anos tenham a intenção de ter filhos, o planejamento para a preservação da fertilidade parece distante para grande parte delas.

Segundo o levantamento, embora os métodos para a preservação da fertilidade sejam pouco discutidos e compreendidos, as mulheres de 36 a 45 anos têm um nível ligeiramente superior de familiaridade com essas opções. Além disso, quando o assunto é a legislação brasileira sobre reprodução assistida, 68% das mulheres não sabem quais são seus direitos, especialmente no que diz respeito ao acesso ao tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A especialista em reprodução humana, Melissa Cavagnoli, destaca que a preservação da fertilidade precisa ser considerada com antecedência. “Mulheres que querem ter filhos precisam se planejar e pensar no seu futuro reprodutivo, pois a partir dos 36 anos temos menos óvulos e com menor qualidade. A idade por si só já é um fator de infertilidade”, afirma.

Aconselhamento médico

Outro dado importante da pesquisa revela que, embora as mulheres saibam da importância da saúde reprodutiva, apenas 19% buscam ativamente aconselhamento médico sobre preservação de fertilidade.

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“O ideal é que, a partir dos 30 anos, as mulheres façam uma avaliação da reserva de óvulos”, orienta Melissa. A pesquisa mostra que muitas mulheres, ao perceberem a importância de planejar a maternidade, não têm acesso a informações adequadas ou a um acompanhamento especializado que as ajude a entender as opções disponíveis.

A falta de orientação profissional é um fator crucial que contribui para a baixa procura por métodos de preservação da fertilidade. Quando questionadas, 72% das mulheres afirmaram que não foram informadas por médicos sobre o congelamento de óvulos ou sobre os benefícios de buscar aconselhamento sobre a fertilidade antes de uma certa idade.

Melissa acrescenta: “recebo no consultório casais que querem engravidar e a mulher já fez uma série de exames, alguns invasivos e desconfortáveis, e o homem sequer realizou um um espermograma. Precisamos chamar os homens para a discussão”. A especialista aponta que a falta de envolvimento masculino nos cuidados com a fertilidade também reflete um grande desafio: “Vivemos numa sociedade muito machista e o homem ainda associa muito a fertilidade com a sua masculinidade”.

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Custo dos tratamentos e a barreira econômica

A pesquisa também trouxe a percepção das mulheres sobre o custo dos tratamentos de preservação de fertilidade. A maioria das entrevistadas (77%) considera esses tratamentos extremamente caros e inacessíveis, com muitas considerando que o custo impede a possibilidade de buscar essas alternativas.

Apesar da crescente popularização dos métodos de preservação da fertilidade, os custos continuam sendo uma barreira significativa para a maior parte da população, que não tem acesso a esses tratamentos por meio do sistema público de saúde.

Mais de 60% das mulheres que participaram da pesquisa afirmaram que, mesmo conhecendo as opções de preservação, o preço elevado das clínicas privadas e a falta de cobertura pelos planos de saúde dificultam a decisão de buscar esses tratamentos.

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Acesso à reprodução assistida pelo SUS

Em um esforço para ampliar o acesso a serviços de reprodução humana assistida, a Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados aprovou, em junho deste ano, o Projeto de Lei 1508/24. A proposta assegura o direito ao acesso a serviços de reprodução humana assistida, incluindo o congelamento de óvulos, para mulheres em tratamento de câncer que possa afetar sua fertilidade ou com diagnóstico de endometriose. Os tratamentos deverão ser ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

O projeto ainda precisa ser aprovado por mais duas comissões da Câmara e pelo Senado para se tornar lei. Além disso, a proposta também sugere a criação de centros públicos de reprodução assistida em todas as regiões do país, visando a garantir que a política de preservação de fertilidade seja acessível e eficaz, mesmo nas localidades mais carentes.

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