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O palhaço amargo

O ator, cantor, diretor e showman Jerry Lewis morreu em Las Vegas no domingo 20, em decorrência de problemas cardíacos

Por Jerônimo Teixeira Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 25 ago 2017, 06h00 • Atualizado em 25 ago 2017, 15h29
  • O entrevistador pergunta ao comediante nonagenário se ele já pensou em se aposentar. “Por quê?”, retruca o entrevistado, com má vontade. Manter-se ativo ajuda a conservar a saúde? “Não” é a resposta seca, que se repete quando é perguntado o contrário — se trabalhar prejudica a saúde. Jerry Lewis foi um homem difícil, como se atesta na lacônica entrevista em vídeo, do ano passado, a The Holly­wood Reporter. Nos shows que fez até 2016, tratava com grosseria os admiradores que buscavam no palco não o senhor turrão que lá estava, mas o bufão ingênuo e encantador de filmes como Bagunceiro Arrumadinho (1964). O ator, cantor, diretor e showman que morreu em Las Vegas no domingo 20, em decorrência de problemas cardíacos, foi essa contradição: não o palhaço triste do clichê, mas o palhaço amargo.

    Passar despercebido nunca foi meu maior talento.

    Jerry Lewis (1926-2017)

    Nascido Joseph Levitch, em 1926, o comediante era filho de uma pianista e de um cantor. Começou sua carreira no imediato pós-guerra, em teatros de Nova York. Foi neles que o jovem humorista judeu encontrou o cantor de ascendência italiana com quem montaria uma memorável dupla: Dean Martin. A parceria cinematográfica dos dois começou com O Palhaço do Batalhão, em 1950, e se estendeu por mais catorze filmes, em geral com Martin fazendo o galã cool e Lewis seu amigo agitado e atrapalhado. Com trejeitos esquisitos, caretas elásticas, fala estridente e olhos que viravam para mais lados do que se imagina possível, Jerry Lewis logo se provou um virtuose da comédia física. Sua presença esfuziante deixava o amigo canastrão na sombra, e a dupla separou-se, com alguma animosidade, em 1956. Jerry Lewis seguiu fazendo comédias de imenso sucesso. A mais celebrada (e a preferida do ator) foi O Professor Aloprado, de 1963. Em 1972, embarcou em um projeto controverso, uma comédia sobre um palhaço em um campo de concentração, que nunca foi lançada. Depois, passou oito anos sem filmar, lutando com o vício em drogas contra a dor (as piruetas e quedas em cena cobraram seu preço). Voltou às telas nos anos 80, mas jamais recuperou a antiga popularidade. Empenhou-se em uma causa humanitária: entre 1966 e 2010, levantou mais de 2 bilhões de dólares para o combate à distrofia muscular. Fez participações ocasionais em séries e filmes, incluindo o brasileiro Até que a Sorte Nos Separe 2 (2013), com Leandro Hassum. Sua influência sobre figuras tão distintas quanto Eddie Murphy e Jim Carrey atesta sua marca duradoura na comédia americana, e seus filmes ainda inspiram nostálgica ternura em quem os viu na infância — embora Jerry Lewis não compartilhasse desses sentimentos.
    Jerônimo Teixeira

    Publicado em VEJA de 30 de agosto de 2017, edição nº 2545

     

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