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“Não importa o formato, não podemos perder o hábito de nos informar”

Em entrevista sobre os 75 anos da Abril, Luiz Fernando Musa analisa as transformações da comunicação e aponta caminhos para o jornalismo e a publicidade

Por Ana Carolina Pereira, Ligia Barcala e Davi Rocha
Atualizado em 27 ago 2025, 14h52 - Publicado em 15 ago 2025, 14h47

Para Luiz Fernando Musa, CEO do Grupo Ogilvy no Brasil e fundador da DAVID, a Editora Abril é parte de um imaginário coletivo que atravessa gerações. Dos quadrinhos da infância às páginas da Quatro Rodas, Placar e VEJA, as publicações marcaram momentos pessoais e profissionais. Há 30 anos na mesma empresa e se reinventando na publicidade, ele viu de perto as mudanças mais profundas da comunicação. Na entrevista especial em celebração aos 75 anos da Abril, ele reflete sobre o desafio que une publicidade e jornalismo: manter a relevância em um mundo cada vez mais fragmentado e veloz.

Musa, quando falamos de Abril, o que vem à sua mente? Minha relação com a Abril começou nos quadrinhos. Depois vieram as coleções de revistas: Quatro Rodas, que todo mundo queria ter, e a Placar, que para mim, fã de futebol, era fenomenal. A VEJA sempre foi uma fonte emblemática de informação. Em outra fase, gostava da Playboy. A Superinteressante tinha uma linguagem de curiosidade já digital – fácil e rápida – e um projeto gráfico que chamava muito minha atenção. E, na época do vestibular, mergulhei no Guia do Estudante. A presença da Abril na vida do brasileiro é gigantesca e cheia de memórias.

Em sua jornada profissional, a Abril e o jornalismo também tiveram alguma influência? Meu interesse por publicidade começou cedo, influenciado por um tio-avô publicitário, numa época com poucas agências. Eu também adorava o seriado A Feiticeira, especialmente as cenas ambientadas na agência – onde trabalhava o marido da protagonista. Eu sempre gostei de televisão, tenho uma memória enorme dos anúncios da época. E como também consumia mídia impressa, tinha interesse pelos anúncios. Cheguei a cogitar estudar jornalismo em algum momento, mas eu queria mesmo era ser publicitário.

No fim, você passou a trabalhar com publicidade, mas sempre muito perto do jornalismo e da própria Abril, certo? Muito. A minha história, principalmente dentro da Ogilvy, foi, durante muitos anos, com a Unilever. Eu tinha uma relação enorme com a Abril, principalmente com as femininas, trabalhando com as marcas de beleza. Em Dove, por exemplo, muitas das discussões sobre estereótipos de beleza passavam por entender a mulher de Claudia, de Nova. Nós distribuíamos amostras dos produtos e a grande plataforma dessa ação era a Abril. A distribuição para assinantes e bancas era uma operação de guerra.

Você se lembra de outros momentos marcantes? Acho que o mais emblemático era que você não lançava uma campanha de um produto novo e não pensava em um tema que não passasse por VEJA. Ter a contracapa ou a terceira página de VEJA era essencial. Depois, no começo dos publieditoriais, foram muitos os conteúdos desenvolvidos a seis mãos: os jornalistas, o cliente e a agência. A Abril sempre foi uma tremenda parceira, não só dos anunciantes, mas das agências.

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A Ogilvy, inclusive, ganhou muitas vezes o Prêmio Abril, certo? O Prêmio Abril era fantástico. Quando estudante, eu acompanhava quem ganhava e o que ganhava. O Brasil sempre foi muito forte na linguagem de mídia impressa, está dentro do DNA da publicidade brasileira. Então, o Prêmio Abril era realmente muito desejado para o profissional e valorizado pelo anunciante.

“Hoje, fazer publicidade dá mais trabalho, demanda mais tempo e mais pensamento, mas nunca teve tanto valor saber onde exercitar
a criatividade. Sem desafio fica
muito chato”

Todas essas histórias são um legado construído em 75 anos. Você está há 30 na mesma empresa, se reinventando. Como você viveu e vive as mudanças ao longo dos anos? Você não deixa um legado com dois, três anos ou com três meses. Você não constrói uma trajetória. A importância do tempo é crucial. Sobre as mudanças, acredito que dois momentos foram os mais marcantes: a chegada da internet e do celular. O que vemos hoje, seja com a chegada da Inteligência Artificial ou com a transformação tecnológica brutal, é que a velocidade das mudanças é muito mais impactante. Todos estamos nessa montanha-russa no escuro e temos que ter coragem de errar e de experimentar o tempo todo.

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Pensando em criatividade, esse cenário ajuda ou atrapalha? Eu acho bom, mas não quer dizer que seja mais fácil. Hoje lidamos com uma realidade totalmente fragmentada. Não tem mais uma verdade que funcione para todo mundo. Nunca tivemos tantas alternativas para chegar num determinado lugar ou resultado. A dificuldade é saber definir o problema, saber o que você quer. Eu tenho a opção de estar na VEJA, na Claudia, na Quatro Rodas, mas o que eu quero com aquilo? Saber o que eu quero também ajuda a entender qual consumidor preciso atingir. Dá mais trabalho, é mais desafiador, demanda mais tempo e mais pensamento, mas nunca teve tanto valor saber onde exercitar a criatividade. Sem desafio fica muito chato.

Como você consome notícias e conteúdo de forma geral? Eu consumo notícias de todos os jeitos, mas tenho o hábito do papel. A leitura no digital claro que também funciona: tem a vantagem de ser rápida, simples, fácil. Mas, se eu pudesse falar uma única coisa, diria: não importa o formato, não podemos perder o hábito de nos informar. Para finalizar, você poderia deixar uma mensagem para a comemoração dos 75 anos da Abril? Mais do que falar em idade, quero olhar o ícone, o símbolo da Abril, que é uma árvore, a sabedoria, a importância de ter raízes em algum lugar. Ela está olhando a história, vivendo, com a raiz no lugar certo. Vamos celebrá-la e ter orgulho de quem fomos e de quem queremos ser, sabendo que para isso vamos ter que seguir nesse grande movimento de transformação.

 

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