Muito além da laje
Na comparação de visualizações nos primeiros oito dias, 'Vai Malandra', o novo clipe de Anitta, bate até o campeoníssimo 'Despacito'. Com celulite e tudo

De fenômeno em fenômeno, a carioca Anitta — hoje a celebridade brasileira mais buscada no Google, superando Neymar — não para de sacudir o planeta digital, em uma muito bem arquitetada empreitada para marcar seu espaço na galáxia pop. Mas nada do que fez até agora se compara a Vai Malandra, o clipe que lançou na segunda 18 e que na contabilidade minuto a minuto da rede cravou 61,5 milhões de visualizações no YouTube em oito dias. A título de comparação: Despacito, a grudenta música-tema de 2017, em igual período teve 37,7 milhões de acessos. O hit porto-riquenho está em 4,5 bilhões de views. Aonde chegará Anitta?
Vai Malandra foi uma fábrica de recordes desde o primeiro segundo. No onipresente YouTube, tornou-se o clipe brasileiro mais visto em dia do lançamento. Na plataforma de streaming Spotify, foi a primeira música em português a figurar entre as vinte mais ouvidas do mundo. O funk de letra picante e batidão magnetizante faz jus ao sucesso. O corpão de Anitta — e companhia — rebolando na laje da favela do Vidigal, idem. Reforçou o impacto da estreia a visão da celulite da cantora, liberalmente exposta no close de coxas e bumbum mal coberto por um shortinho vermelho, na subida do morro, logo nos primeiros minutos. “Quando propus a abertura, brinquei ‘Anitta, sua bunda é tão famosa quanto você’. Ela aprovou de primeira e exigiu que fizéssemos sem retoques”, revelou a VEJA o diretor criativo do clipe, Marcelo Sebá.
Na divulgação do vídeo, Anitta, 24 anos, dedicou o trabalho às “mulheres normais” como ela — até onde pode ser normal alguém que fez, confessadamente, duas plásticas no nariz, redução de mamas, implante de silicone, lipoaspiração e preenchimento de lábios. Vai Malandra tem Anitta exibindo-se de biquíni de fita isolante, invenção de uma diligente carioca para bronzeados a jato. Plásticas aqui, celulite ali, o produto final é irretocável, mesmo quase sem roupa — a marca registrada dos trabalhos do fotógrafo americano Terry Richardson, que dirigiu o clipe e está banido da imprensa americana por acusações de assédio. Anitta, mente feminista em pleno desabrochar, manteve o contrato, mas anunciou: “Repudio qualquer tipo de assédio e de violência contra nós”.
Poderosíssima máquina de fazer sucessos, Anitta vem emendando um clipe atrás do outro, a maioria em parceria com artistas internacionais. Mais um vem aí, Machika, o segundo com o colombiano JBalvin. E Switch, que gravou com a megapop australiana Iggy Azalea em maio, está pipocando na rede. Vai Malandra encerrou um projeto, o CheckMate, de lançar quatro vídeos, um por mês, iniciado em setembro. Como Anitta não dá ponto sem nó, o pacote foi patrocinado por uma rede de lojas de roupas femininas que pôs à venda os figurinos da cantora. O shortinho vermelho custa 69,99 reais.
Colaborou Luisa Bustamante
Publicado em VEJA de 3 de janeiro de 2018, edição nº 2563