Quando era presidente da República, Fernando Collor usou uma rede de correntistas-fantasmas para esconder a origem do dinheiro ilegal que custeava suas despesas. Acabou cassado. Em 2014, o agora senador foi o primeiro parlamentar a cair na teia da Lava-Jato, depois de descobertos depósitos na conta dele feitos por bandidos de carne e osso. Não foi difícil descobrir do que se tratava. O Supremo Tribunal Federal vai começar a ouvir as testemunhas do caso. O julgamento do processo em que o senador é acusado de embolsar 30 milhões de reais em propina ocorrerá no segundo semestre. Collor era um dínamo para produzir dinheiro vivo. A quebra do sigilo bancário revelou que ele chegou a receber 300 000 reais em espécie num único dia. Para despistar, os depósitos eram fracionados. O Ministério Público diz que a dinheirama é “vantagem pecuniária indevida”. O senador responde a 358 acusações de lavagem de dinheiro, corrupção e organização criminosa. Pode pegar quase quarenta anos de prisão.
Publicado em VEJA de 13 de junho de 2018, edição nº 2586