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Diplomacia olímpica

Com a decisão de participar dos Jogos de Inverno, na Coreia do Sul, ditadura norte-coreana promove lance midiático e ganha tempo no embate atômico com EUA

Por Diogo Schelp Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 17h05 - Publicado em 9 fev 2018, 06h00

Na última vez em que a Coreia do Sul sediou um evento olímpico, o regime comunista da Coreia do Norte, enciumado, enviou agentes para plantar uma bomba em um voo de uma companhia aérea sul-coreana. O avião da Korean Air explodiu depois de decolar de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, dez meses antes dos Jogos Olímpicos de 1988, em Seul, matando 115 pessoas. Neste ano, a Coreia do Norte, agora uma inegável potência atômica, optou por uma abordagem mais, digamos, amigável. Em vez de bombas, enviou atletas, torcedores e altos funcionários do governo para a 23ª Olimpíada de Inverno, que acontece entre 9 e 25 de fevereiro em Pyeongchang, na Coreia do Sul, a apenas 80 qui­lômetros da zona desmilitarizada entre os dois países.

Para a cerimônia de abertura, na sexta-feira 9, o ditador Kim Jong-un prometeu enviar sua irmã, Kim Yo Jong, de 30 anos, e o chefe da cúpula do Parlamento norte-coreano, Kim Yong-­nam, de 90 anos (sem parentesco com o tirano). O velho Kim é considerado o chefe de Estado de fato da Coreia do Norte, pois é ele quem representa o país em visitas internacionais e quem recebe as credenciais de embaixadores estrangeiros. Também é um dos poucos políticos da velha-guarda comunista que escaparam dos expurgos recentes promovidos por Kim Jong-un. Já a jovem Kim é possivelmente a primeira na linha de sucessão da ditadura hereditária norte-coreana e tem a absoluta confiança do irmão.

A irmã – Kim Yo Jong, 30 anos: ela é a primeira na linha de sucessão da ditadura hereditária da Coreia do Norte
A irmã – Kim Yo Jong, 30 anos: ela é a primeira na linha de sucessão da ditadura hereditária da Coreia do Norte (Damir Sagolj/Reuters)

Quer dizer então que Kim Jong-­un, o imprevisível tirano atômico, criou juízo? Não. Seria mais correto classificar a decisão de participar da Olimpíada, tomada há apenas um mês, como uma grande jogada de propaganda e uma maneira astuta de pisar nos calos dos Estados Unidos. Com apenas 22 atletas — todos inscritos de última hora e dos quais apenas dois, a dupla de patinadores Ryom Tae-ok e Kim Ju-sik, se classificaram pelos próprios méritos —, a Coreia do Norte conseguiu atrair os holofotes dos Jogos inteiramente para si. Os cidadãos sul-coreanos não ficaram nada satisfeitos, mas seu presidente, Moon Jae-in, viu na participação norte-coreana uma chance de aliviar as tensões militares com o vizinho do norte e quem sabe obter uma aproximação diplomática. Como gesto de boa vontade, as duas delegações coreanas vão desfilar na abertura sob a mesma bandeira e terão até um time conjunto de hóquei no gelo feminino (as jogadoras sul-­coreanas que tiveram de ceder lugar na equipe também não gostaram da generosidade).

A diplomacia olímpica causou constrangimentos ao governo dos Estados Unidos, que defende novas sanções internacionais à Coreia do Norte e vinha tentando forçar o presidente Moon a elevar o tom contra Kim Jong-un. Disse o vice-­presidente dos EUA, Mike Pence, dois dias antes da abertura dos Jogos, à qual também prometeu comparecer: “Irei à Olimpíada para garantir que a Coreia do Norte não use o simbolismo poderoso e o pano de fundo dos Jogos de Inverno para encobrir a verdade sobre o seu regime”. Isolado, ao governo Trump só sobrou a bravata.

Publicado em VEJA de 14 de fevereiro de 2018, edição nº 2569

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