De cara com a realidade
No casamento de conto de fadas, noiva do príncipe é mestiça, estrangeira e divorciada. É a monarquia dando um passo gigante para se adequar aos novos tempos
Um príncipe se casa com uma bela plebeia, e o mágico deslumbramento da monarquia volta a brilhar. O cenário: a capela de São Jorge, no Castelo de Windsor, emoldurada pela pompa, pela liturgia, pelos trajes e pelos fascinators (aqueles minúsculos chapeuzinhos com grandes enfeites) que a ocasião merece. Depois da cerimônia deste sábado, 19, Harry, de 33 anos, neto da rainha Elizabeth, e a californiana Rachel Meghan Markle, de 36, serão personagens de final feliz de um novo conto de fadas muito pouco ortodoxo: a noiva, além de estrangeira, é mestiça, divorciada e atriz de certo renome. Pode? Não só pode como deve. A monarquia britânica está apertando o passo para reforçar a ideia de que é moderna, antenada e sintonizada com a diversidade e a tolerância — dois conceitos impensáveis para os monarcas dos velhos tempos.
O casamento de Harry e Meghan, formalmente aprovado por Elizabeth II, é a mais recente demonstração de que a realeza está disposta a baixar a ponte levadiça e deixar o mundo de verdade — ou pelo menos uma controlada e vistosa parcela dele — entrar. Inserem-se nesse, digamos, reposicionamento as ocasiões em que Kate, a duquesa de Cambridge, age igual a todas as mães, correndo atrás dos filhos de jeans, camiseta e sapatilha e dando bronca no pequeno George, abaixada, de dedo em riste. Conta também a aquiescência não declarada do Palácio de Buckingham ao roteiro da aclamada série histórica The Crown, que tem a rainha como personagem principal. A própria soberana vem dando sua contribuição à causa. Quem diria que, nos raros dias de sol em seu país, aderiria aos óculos escuros? Ou que, aos 92 anos, assistiria na primeira fila a um desfile da semana de moda de Londres? “A monarquia sobrevive adaptando-se às mudanças políticas e sociais, sem sair do convencional nas questões morais e no discurso”, disse a VEJA o historiador Keith Wrightson, da Universidade Yale.
Monitorado de perto por uma equipe de relações-públicas, o projeto Harry-Meghan é um sucesso, com os súditos animados, felizes e encantados. Acampado nos arredores do Castelo de Windsor, sem ligar para a temperatura, que baixa a 5 graus à noite, Terry Hutt, de 83 anos, instalou-se com amigos bem na curva do cortejo de carruagem que apresentará o novo casal ao mundo. “Aqui eles desaceleram, e a visão é melhor”, explicou. Maria Scott, de 56, aguardava a passagem dos noivos com ansiedade meio maternal. “Diana marcou minha vida. É muito especial ver seus filhos casando-se e levando adiante seu legado”, disse. Nas lojas em volta do castelo, o comércio de objetos que celebram o enlace seguia firme, dias antes da festança, com destaque para canecas, ímãs de geladeira e panos de prato a preços entre 6 e 8 libras (30 a 40 reais).
Casamentos e nascimentos são o ponto alto da carreira dos royals (como são chamados os membros da família real), a chance rara de extrapolar os limites do que deve ser um dos trabalhos mais entediantes do mundo — aparecer em atos públicos, sorrir, falar banalidades e ir embora. Até por isso, também eles tiveram de mudar. Em 2002, a rigorosa Igreja Anglicana enfim permitiu o casamento de divorciados, “em circunstâncias excepcionais”, a ser definidas pelo oficiante — a janela que agora permite a união de Harry e Meghan. Em 2011, em outro gesto de atualização num mundo mais feminista, adotou-se a linha sucessória que privilegia o primogênito de qualquer sexo, e não mais o masculino. As bodas de Elizabeth e Philip, em 1947, seis anos antes de ela ser coroada rainha, foram acompanhadas pelo rádio (novas gerações, pasmem: nem TV ao vivo havia) por 200 milhões de pessoas mundo afora. As de seu herdeiro, Charles, com Diana, em 1981 (exatos seis dias antes de Meghan nascer), tiveram quase 1 bilhão de espectadores grudados na televisão. As do herdeiro dele, William, com Kate, em 2011, hipnotizaram o dobro de audiência. Foram momentos em que a monarquia exercitou, com toda a glória, seu papel precípuo de representar a nação perante ela mesma. “Quando o reino celebra, o monarca lidera a celebração, da mesma forma que, quando acontece uma tragédia, ele representa os súditos perante os atingidos”, disse a VEJA a escritora Penny Junor, autora de biografias da família real.
Por mais que se esforcem para assegurar alguma relevância, porém, há royals que se desviam do bom caminho, derrapam na tradição, e a situação sai do controle. É quando se levanta, entre os súditos, a questão que atormenta qualquer monarquia figurativa: por que mesmo sustentamos o fausto dessa família? Vitória, a rainha de longuíssimos 64 anos de reinado, enviuvou em 1861, vestiu-se de preto e sumiu de vista por quase uma década. Pronto: foi o que bastou para o republicanismo levantar a cabeça. Ela retomou os atos públicos, recuperou a popularidade (sem a propalada pudicícia) e reinou nos braços dos súditos por mais trinta anos. Em 1936, o rei Edward VIII abdicou do trono ao não conseguir apoio para se casar com a eleita, Wallis Simpson, por duas circunstâncias que o príncipe Harry agora vinga: ela era americana e divorciada. Com o título de duque e duquesa de Windsor, o casal virou arroz de festa da alta sociedade europeia, mas derrubou o prestígio da casa real britânica.
A coroação da jovem Elizabeth reverteu a má vontade do público, mas nas décadas seguintes a monarquia cortaria um dobrado para atravessar a onda de mudanças da segunda metade do século XX e preservar o que o pensador escocês Tom Nairn definiu como “o glamour do anacronismo”. Charles e Diana foram a salvação — o mundo caiu de amores pela linda e meiga loirinha de 20 anos que fisgara o príncipe solteirão. Dez anos se passaram e Charles e Diana submergiram na perdição — brigaram, lavaram as traições em público, trocaram insultos e se separaram.
Não só eles, aliás. Essa foi a época em que outro filho da rainha da linha iconoclasta, Andrew, se separou da ruiva maluquete Sarah Ferguson, já então companhia constante de certo milionário texano. E Anne, a única filha, enfim se divorciou do militar Mark Phillips e se casou de novo (na Escócia) com outro militar, Timothy Laurence. O pai de Harry, Charles, só foi casar de novo em 2005, ele viúvo, a noiva, Camilla, divorciada. As leis religiosas já haviam se abrandado, mas, adaptações à parte, a Igreja da Inglaterra ainda proíbe terminantemente a união se o noivo ou a noiva for a “causa direta” da separação. Camilla se encaixa na definição — até Diana deu a entender, em uma entrevista, ser ela a figura que tornou seu casamento “um tanto superlotado”. Os noivos optaram por uma cerimônia civil, seguida de um “serviço de oração e dedicação” na capela do Castelo de Windsor.
Diana morreu em 1997, aos 36 anos, no auge da popularidade, deixando William com 15 e Harry com 12 anos. Provocou comoção internacional, e o apreço ao trono, que reagiu com frieza à morte trágica da princesa, bateu no fundo do poço. Resilientes que são, os royals quicaram e voltaram à tona — graças, em parte, às lições que Diana deixou. “A família real percebeu a força de seu apelo popular, aprendeu com ele e relaxou seu rigor”, diz a escritora Penny. As pesquisas mais recentes mostram que 80% dos britânicos apoiam a monarquia. William (62%) e Harry (58%) são os favoritos, com a rainha aparecendo em terceiro lugar (47%). Kate está em quarto (21%). Charles, o próximo rei, fica na rabeira: magros 9%.
Popularidade é o pilar da existência de uma instituição que, na análise crua dos fatos, não serve para nada — e ainda custa uma fortuna. Na Inglaterra, pelas contas muito favoráveis do Palácio de Buckingham, a família real consumiu 33,3 milhões de libras no ano fiscal de 2012-2013, o equivalente a 166 milhões de reais (veja detalhes sobre a realeza e as finanças no quadro ao lado). Prova do fascínio que os contos de fadas ainda exercem é a permanência de nove soberanos — puramente figurativos — em tronos da Europa, embora nenhum chegue aos pés do alcance mundial do império onde, no auge, o sol nunca se punha. Como os royals britânicos conseguiram tal façanha? “Talvez porque tiveram de se resignar à ausência de poder mais cedo do que os outros”, diz Peter Mandler, professor de história moderna da Universidade de Cambridge.
O Parlamento de Londres cassou de vez a licença dos reis para governar no início dos anos 1700. Os nobres seguiram encastelados, convivendo entre si, com uma ou outra aparição pública, e assim foram perdendo prestígio. Só no século XIX, com Vitória, começaram a sair de seu torpor exclusivista. Nas guerras mundiais, ganharam relevância na condição de símbolos da unidade nacional. Elizabeth teve seus momentos, mas nenhum membro da realeza desceu tanto do pedestal quanto Diana — para o bem e para o mal da mística cultivada pelos Windsor.
Diana foi a primeira mãe real a ser de fato mãe, brincando com os filhos, levando-os a piqueniques e parques de diversões e rindo de suas travessuras. William e Kate seguem seus passos, com manifestações de afeto e cuidado constante com seus filhos, os dois principezinhos e a princesinha. Diana foi a primeira princesa a fazer da moda e da elegância um traço de personalidade. Kate segue na mesma trilha. Diana foi a primeira a dominar o difícil mecanismo de ser explorada e explorar a obsessão dos tabloides de devassar a vida das celebridades, um processo que seus dois filhos elevaram à forma de arte — apesar de esporádicas demonstrações de aversão ao papel dos paparazzi no acidente que matou a mãe. Um único repórter recebeu convite para assistir ao casamento de Harry dentro da igreja. Apenas quatro fotógrafos foram autorizados a entrar no castelo — nenhum na capela.
William e Harry sabem muito bem que royals dependem da imprensa na mesma proporção em que a imprensa depende dos royals — “um abraço que está sempre a ponto de se transformar em assédio”, como bem definiu o jornalista e escritor Stig Abell, ex-diretor da comissão de queixas contra o jornalismo da Inglaterra. No ano passado, quando se completaram duas décadas da morte de Diana, os príncipes deram cândidas entrevistas sobre quanto sofreram. Harry foi além: confessou que a vida de farras, bebidas e substâncias ilícitas que levou até os 30 anos foi consequência da falta da mãe. Só melhorou com terapia. Diz muito sobre sua relação com a mídia o fato de Harry eleger como consorte uma atriz, figura pública, que sabe se portar e lidar com a perseguição implacável dos paparazzi.
Mais de duas décadas depois da tragédia de Paris, a influência da impetuosa, generosa e admirada Diana contribuiu para a aceitação de Kate, filha de milionários que começaram com pouco e fizeram a própria fortuna — trajetória que, no reino de Elizabeth, os mantém na classe média, porque não são “nobres”. E é muito provável que, sem Diana, Harry no mínimo enfrentasse mais resistência para emplacar sua americana “birracial”, como Meghan se define, e a família disfuncional que carrega consigo (veja o quadro na pág. 60). Nascida em Los Angeles, atriz de filmes e séries de TV, Meghan se tornou conhecida como a assistente jurídica Rachel (por sinal, seu verdadeiro primeiro nome) em Suits, que se passa em um escritório de advocacia e na qual ela atuou por sete temporadas. Por causa do trabalho, mudou-se para Toronto, no Canadá, e lá morava quando conheceu Harry, em 2016, em tão propalado quanto improvável encontro arranjado por amigos.
Embora não registre grandes escândalos na vida pessoal, a bela nada adormecida do príncipe tem currículo memorável na esfera profissional: protagonizou inúmeras cenas no cinema e na televisão com pouca roupa e palavreado de fazer a rainha corar. Só em Suits, apareceu seminua gemendo na cama, de calcinha e, em um episódio memorável, atracando-se com seu par amoroso entre as estantes de uma austera biblioteca. Sem falar nas campanhas publicitárias — sim, de lingerie também. Todas as fotos comprometedoras de Meghan já foram desencavadas e publicadas (ou, pelo menos, assim torcem os palacianos de Buckingham, cruzando os dedos). Ela própria postou detalhes de sua vida pessoal — inclusive imagens da infância, com o cabelo natural, pré-alisamento — ao longo de uma prolífica participação nas redes sociais, na qual chegou a manter um blog de “estilo de vida”, tudo já devidamente deletado.
Meghan não tinha, afinal, nada a esconder. Era adulta, descomprometida e dona de seu impecável nariz. Não mais. Ao entrar para “a firma”, como a família real britânica é chamada, abdicou da liberdade de se expor como bem entender. Desde o noivado, vestidos de alça e saias curtas perderam espaço no novo closet real para roupas chiques e discretas, com apego especial por casacos longos e cinturados. No novo visual sobram saltos finos, chapéus e penteados que privilegiam o cabelo solto, partido no meio ou de lado. Lembra Kate, a cunhada perfeitinha? Lembra muito, embora Meghan seja bem mais atrevida na sua sobriedade. Os gestos são contidos, o sorriso sempre presente.
Dois traços do passado têm sido redesenhados sob medida para uma mulher de príncipe. Um é o amor pelos animais — genuíno, a julgar pela infinidade de fotos que postou de seus dois cachorros, Guy e Bogart. Guy foi com ela para Londres; Bogart, velhinho, ficou com amigos em Toronto. O outro é o empenho em prol do meio ambiente e das causas feministas — muito se alardeou seu trabalho como embaixadora das Nações Unidas pela igualdade das mulheres. O discurso ativista deve baixar muito de tom agora que ela entra para “a firma” — nela, ninguém, ninguém mesmo, toca em temas polêmicos.
No sábado, Doria Ragland, “100% negra” pelas contas da própria Meghan, estaria ao lado da filha no casamento no Castelo de Windsor. Convidado pelos noivos, o bispo negro Michael Curry, chefe da Igreja Episcopal dos Estados Unidos (a versão americana da Igreja Anglicana), rascunhara um sermão — ele que, em outro sinal da modernização da realeza, é um defensor do casamento gay. Chefes de Estado não foram convidados. Artistas hollywoodianos, em compensação, antes mesmo da boda já cantavam presença. No lugar de honra, a rainha Elizabeth daria o régio beneplácito ao casamento do neto, o sexto na linha de sucessão, com uma americana que compensa em atitude e simpatia a ausência de, digamos, berço. Terá sido a consagração do talento da monarquia britânica para mudar a fim de que nada mude.
Colaborou Bruna Motta
Muito barulho por Meghan
O casamento de Harry e Meghan, por suas peculiaridades, empurra a monarquia britânica para a modernidade, mas uma coisa permanece inalterada: as famílias disfuncionais, que são tão comuns entre a nobreza quanto na vida de todo mundo. Os nobres de Windsor devem ficar incomodados com o histórico de Meghan, que traz mais novidades ainda, porém a etiqueta recomenda que se calem.
A MÃE
Doria Ragland é uma simpática senhora negra de 61 anos, descrita pela filha como “um espírito livre” que “usa dreadlocks e anel no nariz”. As duas são muito próximas, e não por acaso Doria acompanharia a noiva, no carro, até a porta da capela de Windsor. Terapeuta e assistente social, ela pratica e já deu aulas de ioga. Trabalha em uma instituição para pessoas com doenças mentais e mora sozinha em um bairro chique de Los Angeles apelidado de “Beverly Hills dos negros”. Aos 23 anos, Doria se casou com Thomas Markle, doze anos mais velho. Eles tiveram Meghan, separaram-se dois anos depois e divorciaram-se quando ela tinha 6. Dividiram sem problemas a guarda da filha.
O PAI
Thomas Markle tem dado dor de cabeça ao protocolo. Enfurnado desde a aposentadoria, em 2011, em uma casa modesta em Rosarito, cidade mexicana a quinze minutos da fronteira com os EUA, Markle saiu do casulo perto do casamento: foi visto tirando medidas do portentoso abdômen em uma loja, lendo sobre a filha em uma lan house e entregando flores na porta da ex Doria. Tudo fake: um fotógrafo pagou a ele para que posasse. Desmascarado, Markle pediu desculpas, alegou problemas de saúde e disse que nem mesmo sabia se iria ao casamento. Dois dias antes, um comunicado da filha confirmou sua ausência. O alívio foi palpável. Quando Meghan nasceu, ele já tinha certo prestígio como diretor de iluminação, principalmente em programas de TV. Disse a noiva: “Todo dia, depois da aula, eu ia para o estúdio de Married with Children (comédia sobre uma família interesseira), lugar divertido e meio perverso para uma garotinha. Muitas vezes meu pai dizia: ‘Que tal brincar na outra sala?’. Isso é meio pesado para quem tem 11 anos”.
A MEIA-IRMÃ
Samantha Grant, de 53 anos, é filha do primeiro casamento de Markle e tem pouco contato com Meghan — elas não se veem há três anos. Samantha sofre de esclerose múltipla e movimenta-se em cadeira de rodas. Não foi convidada para o casamento. Inconformada, passou os últimos meses ocupada em pintar para os tabloides o pior retrato possível de Meghan — “superficial”, “narcisista”, “alpinista social” —, enquanto escreve um livro-bomba, O Diário da Irmã da Princesa Intrometida.
O MEIO-IRMÃO
Tom Jr., de 51 anos, instalador de janelas, é outro sem-convite. No começo do mês, redigiu uma carta ao futuro cunhado Harry aconselhando-o a não cometer “o maior erro na história dos casamentos reais”. Arrependido, escreveu outra (sim, a caneta, de próprio punho), pedindo perdão… e um convite, por favor. Em janeiro, Júnior passou uns dias preso por agredir a namorada.
O EX-MARIDO
Trevor Engelson, de 41 anos, produtor de cinema (que é judeu, neste universo repleto de minorias), relacionou-se com Meghan por nove anos. Eles foram casados entre 2011 e 2013, justamente a época em que ela se mudou para Toronto para atuar em Suits. Consta que o anel de compromisso dela foi devolvido pelo correio. Há boatos de que Engelson, discretíssimo até agora, está planejando uma nova série sobre um casal que se envolve com uma família real. É ou não é de tirar uma soberana do sério?
Vale quanto brilha
Diante das críticas à preservação de uma instituição inútil, os monarquistas rebatem com um número: 67,5 bilhões de libras, o que equivale a 91 bilhões de dólares. Esse seria o valor da casa real britânica em 2017, se ela fosse uma marca. Seguindo em frente no exercício hipotético, a monarquia inglesa se situaria em honroso terceiro lugar entre as marcas mais valiosas do planeta listadas pela revista Forbes, atrás apenas de Apple e Google. O cálculo é da Brand Finance, uma das maiores empresas mundiais de avaliação de negócios, que dividiu os ativos da monarquia em tangíveis — 25,5 bilhões de libras, entre imóveis, dois ducados e coleções reais, como as célebres joias da coroa — e intangíveis, qualificação dada aos 42 bilhões que os royals atraem para a economia da Inglaterra. Diante dessa fortuna, descem ao nível de café pequeno — chá pequeno, no caso — os 292 milhões de libras por ano que suas altezas custaram aos cofres britânicos no ano passado, quantia que engloba o “subsídio soberano” estabelecido por lei, as rendas dos ducados de Lancaster e Cornuália cedidas à rainha e ao príncipe de Gales, respectivamente, e gastos com manutenção de mansões, viagens e segurança. Por mais que o fascínio da realeza renda dinheiro, nem sempre a mágica funciona. O casamento de William e Kate, em 29 de abril de 2011, uma sexta-feira, injetou 2 bilhões de libras na economia, mas, para desgosto da Confederação da Indústria Britânica, a decretação de feriado “anulou o benefício econômico”, já que “cada dia não trabalhado custa ao país 6 bilhões”. Lição aprendida, o enlace de Harry e Meghan, com renda prevista de 500 milhões de libras, foi marcado para um sábado.
Publicado em VEJA de 23 de maio de 2018, edição nº 2583