Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Datas: Little Richard, Sérgio Sant’Anna e Abraham Palatnik

A lenda da música, o exímio contista e o maior expoente nacional da arte cinética

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Da Redação Atualizado em 4 jun 2024, 14h38 - Publicado em 15 Maio 2020, 06h00

Enquanto trabalhava como lavador de pratos em uma lanchonete de Macon, bucólica cidade americana onde nasceu, o jovem Richard Wayne Penniman sofria ofensas raciais de seu patrão. Era o início dos anos 50, e a segregação reinava no Sul dos Estados Unidos, mas o rapaz contra-atacava os insultos com um refrão incompreensível: “A-wop-bop-a-loo-lop-a-lop-­bam-boom!”. Assim se originou o grito de guerra que faria de Little Richard uma lenda da música. Filho de um diácono evangélico fabricante clandestino de bebidas, ele cresceu ouvindo o canto gospel nas igrejas frequentadas por negros. Anos depois, misturou a música de louvor com o R&B para inventar, ao lado de Chuck Berry, o rock ‘n’ roll.

Com músicas como Tutti Frutti (a do famoso refrão), Long Tall Sally e Good Golly, Miss Molly, ele inspirou Elvis Presley, Jimi Hendrix, os Beatles e os Rolling Stones. Seu estilo extravagante foi incorporado por Prince, Elton John e David Bowie. O mais importante de tudo, Little Richard inscreveu a subversão no DNA do rock: endiabrado e ultrajante, ele chocava as famílias dos anos 50. Aos 13 anos, descobriu-se homossexual e foi duramente reprimido pelo pai — que dizia que homossexualidade era coisa do diabo. Em 1957, tocado pela visão de uma bola de fogo no céu (na verdade, um satélite russo), abandonou o rock para virar pastor. Desde então, o conflito entre assumir-se gay e roqueiro e abraçar a fé permearia sua vida. Aposentado desde 2013, ele morreu no sábado 9, aos 87 anos, de um tumor ósseo, no Tennessee.


Mestre da síntese

Sérgio Sant’Anna era afeito à experimentação. Misturava gêneros narrativos e narradores, e vagava por formatos, da poesia à novela. Fixou-se como um exímio contista. Advogado de formação, estreou na literatura com os contos de O Sobrevivente (1969). Refletia nos textos seus gostos e desgostos em relação à cultura e à política nacional – faceta que salta aos olhos no ótimo livro O Concerto de João Gilberto no Rio de Janeiro (1983). Tinha particular apreço pelo futebol, pano de fundo de muitas tramas, como a novela Páginas Sem Glória (2012). Sérgio Sant’Anna morreu no domingo 10, aos 78 anos, no Rio de Janeiro, vítima da Covid-19.


A arte da vertigem

ABRAHAM-PALATNIK-1064.jpg
ORIGINAL - Abraham Palatnik: o maior expoente nacional da arte cinética (Vicente de Mello/.)

O ateliê de Abraham Palatnik era uma oficina de arte, mas parecia a casa do Professor Pardal. Filho de judeus russos nascido em Natal, Palatnik mudou-se aos 4 anos para Tel-Aviv, antes da criação de Israel. Ao voltar ao Brasil, aderiu ao neoconcretismo, mas logo criaria uma trilha própria: a arte cinética. Muitos de seus quadros continham motores que faziam lâmpadas girar atrás da tela, produzindo o efeito de movimento e vertigem. Morreu no sábado 9, aos 92 anos, no Rio de Janeiro, de Covid-19.

Publicado em VEJA de 20 de maio de 2020, edição nº 2687

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.