Daniele Valente: “Pensei que fosse depressão”
Em tratamento de fibromialgia, a atriz se mudou para os Estados Unidos

Quando sentiu os primeiros sintomas da doença? Notei que havia algo errado em 2014, porque me sentia muito cansada durante as gravações de um programa que eu fazia no Multishow. Sentia dores por todo o corpo, não conseguia virar o pescoço e, de vez em quando, ia para o ensaio com colar cervical. Pedia ao elenco que me fizesse massagem nos ombros. Na maior parte das vezes, sofria calada. Quando chegava em casa, sentia um cansaço absurdo, a ponto de quase desmaiar. Chorava embaixo do chuveiro quente para aliviar as dores. Achei que estava depressiva.
E o que fez? No início, pensei que fosse tudo coisa da minha cabeça. Tomei antidepressivo. Depois que fui diagnosticada com fibromialgia é que entendi o problema, e a depressão passou. Não tomo mais remédios, mas é claro que fico triste quando não consigo, por exemplo, brincar e correr com a minha filha.
Como são as dores? No meu caso, elas são piores no pescoço. Sinto dores fortes nas costas, articulações, pele. E tenho enxaqueca. Nada disso me impede de andar. O que me deixa de cama é a exaustão. É como se eu estivesse com aquela gripe fortíssima que faz com que você não consiga sair da cama. É sinistro.
Como se trata hoje? Estou me tratando com uma naturopata. Ela diz que preciso ser paciente e deu um prazo de dois anos para que eu me sinta recuperada. Tomo vitaminas, e minha alimentação é orgânica. Cortei o glúten, a cafeína e o açúcar refinado. Faço massagens, meditação e ando descalça na terra. O contato com a natureza e com o espiritual é fundamental. Quando estou conectada, não sinto dor.
Você participou de muitos humorísticos da Globo, como Zorra Total. Por que largou tudo e se mudou para os Estados Unidos? O Christiano (Cochrane, marido, também ator) tentava me convencer a mudar desde o início do namoro, em 2008. Eu gostava da ideia, mas emendava um trabalho no outro. Em 2014, quando fui parar no hospital, decidi que era hora de cuidar de mim. Morar aqui me ajuda no tratamento. É uma vida menos estressante.
Pensa em voltar ao Brasil? Por enquanto, não. Eu me sinto mais segura aqui. Trabalho em casa, escrevi um filme com produção prevista para 2018, e agora escrevo uma série cômica para a TV. Escrevendo, eu me sinto completa. Não sinto falta de atuar. Só tenho saudade do cheiro da coxia do teatro.
Publicado em VEJA de 11 de outubro de 2017, edição nº 2551