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Carta ao Leitor: A universidade mais próxima

Uma autêntica revolução vem se concretizando no âmbito dos cursos superiores, provocada pelo ensino a distância (EAD)

Por Da Redação Atualizado em 28 fev 2020, 10h28 - Publicado em 28 fev 2020, 06h00

Ao longo de seus mais de cinquenta anos, VEJA tem se dedicado largamente ao tema da educação — em todos os níveis. Já na edição de estreia, a revista tratou tanto da reforma do ensino universitário, então em debate no governo federal, como das mudanças no antigo primário que começariam a vigorar no Estado de São Paulo. De lá para cá, foram numerosas as reportagens sobre o assunto, abordando, por exemplo, o analfabetismo, a evasão escolar, a política de cotas, a base curricular e, desde a posse de Jair Bolsonaro, os desastres na gestão do MEC. Tamanho interesse nada tem de gratuito, afinal a educação é a mais eficaz, legítima e nobre via de acesso ao desenvolvimento de um país — e o Brasil não pode ficar alheio a isso.

Nesta semana, VEJA volta ao tema para refletir sobre uma autêntica revolução que vem se concretizando no âmbito dos cursos superiores, provocada pelo ensino a distância (EAD). Trata-se da modalidade educacional que mais cresce por aqui. Já se projeta que em 2019 o total de calouros dos cursos on-line tenha superado o número de matriculados em cursos presenciais: 1,411 milhão, em comparação a 1,203 milhão (o levantamento do Ministério da Educação só sairá em setembro). Isso jamais ocorreu desde que o MEC autorizou as primeiras graduações remotas, em 1996. Segundo o Censo da Educação Superior, estão registrados no país 3 177 cursos virtuais — o que representa um aumento de 116% em relação a 2015. Estima-se que a partir de 2025 o total de estudantes de ensino superior a distância no Brasil superará o número de matriculados em cursos presenciais, seguindo uma tendência global — e irreversível.

O avanço da modalidade está muito vinculado, é claro, ao advento da era digital — que tornou a internet onipresente e consagrou tecnologias como o streaming. Com o uso de tais ferramentas na educação, a sala de aula vai ao encontro do aluno, onde quer que ele esteja e a qualquer hora. No caso brasileiro, entretanto, é inegável que tem pesado ainda para a explosão do ensino superior on-line a situação do país: desemprego elevado, falta de recursos para bancar uma faculdade e escassez de verba estatal para a educação. Aqui, a graduação remota custa cerca de um terço do valor da presencial. Não é coincidência que no Brasil mais de 70% dos estudantes matriculados no ensino superior a distância representem a primeira geração de universitários de suas respectivas famílias.

Pela lei, as graduações on-line precisam seguir as mesmas diretrizes curriculares das presenciais. Assim, egressos de cursos remotos têm alcançado no Enade resultados próximos dos obtidos por aqueles que vêm de turmas presenciais, quando não os superam. Com isso, o temor de que a qualidade das faculdades virtuais pudesse deixar muito a desejar começa a ceder. Outro receio, quanto à aceitação no mercado de trabalho dos graduados a distância, também tem diminuído: um levantamento realizado com recrutadores de todo o território nacional atestou que 79% deles disseram não levar em conta a origem do diploma na hora de selecionar candidatos.

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Pujante, o extraordinário salto do ensino superior on-line no país se deve em especial ao setor privado, que conta atualmente com 30% de seus alunos em graduações remotas. A única instituição pública brasileira de nível superior criada para oferecer exclusivamente cursos a distância é a Universidade Virtual do Estado de São Paulo, a Univesp. A USP, a mais prestigiosa referência acadêmica no Brasil, não tem por enquanto graduações on-line próprias. Mas esse é um cenário que deve (e precisa) mudar.

Nosso déficit na área ainda é muito alto. Hoje, somente 21,7% dos jovens de 18 a 24 anos cursam uma faculdade no país e apenas 19,6% da população brasileira de 25 a 34 anos tem formação superior (na Argentina são 40%). E as graduações remotas dispõem de um imenso potencial para modificar esse quadro. O Brasil, para o próprio desenvolvimento, não pode desprezar a modalidade — que é capaz de promover a qualificação da mão de obra nacional e alargar, cada vez mais, a porta da inclusão social.

Publicado em VEJA de 4 de março de 2020, edição nº 2676

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