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Carmen, a primeira e única

Ela construiu uma imagem glamourosa que a levou, mesmo tendo endereço fixo em um país na periferia do mundo, a figurar em todas as listas das dez mais

Por Lizia Bydlowski
Atualizado em 4 jun 2024, 17h25 - Publicado em 8 dez 2017, 06h00

Se o Rio de Janeiro teve uma corte nos tempos modernos, sua rai­nha soberana foi Carmen Mayrink Veiga, a mais impactante locomotiva social, para usar um termo daquela época em que a alta-roda era conhecida como high society (assim mesmo, em inglês). Refinada, elegante, magnificamente vestida, Carmen construiu e cultivou uma imagem glamourosa que a levou, mesmo tendo endereço fixo em um país distante dos centros de decisões, na periferia do mundo, a ser tratada a pão de ló pelos grandes estilistas europeus e a figurar em todas as listas relevantes das dez mais.

Quando se sentiu segura de seu trono, pôs-se a emitir opiniões sobre assuntos diversos e inventou outra Carmen — a madame sem papas na língua. O que em qualquer pessoa seria pura arrogância, em Carmen virou folclore. Em entrevista a VEJA em 1996, comentando a transição de grã-fina em tempo integral para grã-fina que empresta nome e imagem em troca de remuneração, pontificou: “Sempre trabalhei como uma negra”. Dentro de seu universo, considerava-se — mesmo dona de um guarda-roupa com 400 vestidos de grife — um primor de simplicidade. São dela as pérolas “Só tive jatinho desses que todo mundo tem” e “Não tiro do pulso meu relógio, um Rolex banal”. Nascida em família quatrocentona de São Paulo, mudou-se para o Rio depois do casamento com Tony Mayrink Veiga, da aristocracia carioca. Após décadas de jantares memoráveis no apartamento de frente para o Pão de Açúcar, safáris na África e temporadas em Paris, o negócio de venda de equipamento bélico dos Mayrink Veiga faliu e o casal se recolheu. Tony morreu em 2016. Com problemas nos quadris, Carmen havia quatro anos se locomovia em cadeira de rodas, sem perder o porte altivo e a cabeleira. Manteve a pose até o fim. Morreu em casa, “por problemas da idade”, na tarde do domingo 3, aos 88 anos.

Publicado em VEJA de 13 de dezembro de 2017, edição nº 2560

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