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Banco de contínuos

No Bradesco, a receita para chegar ao topo da carreira é começar bem de baixo — como foi o caso de seu fundador e do novo presidente da instituição

Por Giuliano Guandalini Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 17h05 - Publicado em 9 fev 2018, 06h00

Em 1978, numa agência do Bradesco na Rua 12 de Outubro, no bairro paulistano da Lapa, Octavio de Lazari, então com 15 anos, iniciou o seu primeiro emprego, como contínuo, o nome então usado para designar os atuais office boys. Vinte anos mais tarde, depois de ter ocupado diversos cargos, de caixa a gerente, ele assumiu os primeiros postos executivos na sede da instituição, em Osasco. Outros vinte anos se passaram até o anúncio, na última semana, de que ele será o novo presidente do banco. Lazari foi o escolhido para suceder a Luiz Carlos Trabuco no comando da segunda maior instituição financeira privada do país, um gigante com 99 000 funcionários e 4 700 agências, cujo lucro somou 19 bilhões de reais em 2017.

Ter sido contínuo, no caso do Bradesco, mais do que uma particularidade, parece ser condição imprescindível para os que almejam chegar ao topo do comando. É um dado admirável de meritocracia legado por Amador Aguiar, o fundador do banco. Bem antes de abrir as portas da primeira agência do Banco Brasileiro de Descontos, o atual Bradesco, em 1943, no interior paulista, o próprio Aguiar iniciou sua carreira de bancário como contínuo do Banco Noroeste. Lázaro de Mello Brandão, o sucessor de Aguiar no comando da empresa e, aos 91 anos, ainda atuante no conselho da instituição, também começou como contínuo de um banco. Trajetórias similares tiveram outros executivos do Bradesco — entre eles, Trabuco, que permanecerá na presidência do conselho administrativo.

“Meu histórico dentro do banco com certeza pesou para a minha indicação”, afirmou Lazari a VEJA. O exe­cutivo, que ocupava a presidência da Bradesco Seguros, vê com otimismo a perspectiva para os próximos meses. Acredita que haverá oportunidade para a retomada dos negócios. Em sua opinião, o consumo deverá ser beneficiado pela expectativa da criação de 1,5 milhão de empregos em 2018. Mas o cenário favorável depende de um ambiente estável, com crescimento moderado mas constante. Diz Lazari: “Grandes oscilações não fazem bem para a economia”. Palavra de quem veio de baixo e, devagarinho, chegou lá.

Publicado em VEJA de 14 de fevereiro de 2018, edição nº 2569

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