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As vítimas sob ataque

Sobreviventes do massacre em Parkland transformaram sua dor em ativismo e conseguiram um feito histórico: a Marcha por Nossas Vidas, no último dia 24

Por Diogo Schelp Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 16h27 - Publicado em 30 mar 2018, 06h00

A estudante Samantha Fuentes, de 18 anos, é uma sobrevivente do ataque a tiros que matou dezessete pessoas em uma escola em Parkland, na Flórida, em fevereiro. Sobrevivente, mesmo: ela foi baleada nas pernas e ainda carrega nos ossos da face os estilhaços de um projétil que atingiu uma parede ao seu lado.

No sábado 24, Samantha encarou o seu trauma e assumiu o microfone perante mais de meio milhão de manifestantes reunidos em Washington, a capital dos Estados Unidos, para discursar a favor de um controle mais estrito das armas de fogo no país. “Legisladores e políticos vão gritar: ‘O problema não são as armas’.

Mas eles não são sequer capazes de me olhar nos olhos”, disse Samantha. Em seguida, ela passou mal e vomitou no palco, diante da multidão e das câmeras de TV, tal o seu nervosismo. Samantha e outros sobreviventes do massacre em Parkland transformaram sua dor em ativismo e conseguiram um feito histórico: a Marcha por Nossas Vidas, como foi chamado o protesto em Washington e em outras dezenas de cidades, acabou sendo a maior mobilização de rua da juventude americana desde as manifestações contra a Guerra do Vietnã, no fim dos anos 1960. O protagonismo já está cobrando seu preço: de vítimas de um atirador munido com um AR-15, os alunos de Parkland tornaram-se alvo da difamação na internet. Defensores do direito ao porte de armas apelaram para uma fotomontagem em que outra sobrevivente, Emma González, de 18 anos, rasga a Constituição americana. David Hogg, de 17, foi acusado de não estar na escola no dia do massacre. Estava, e há vídeos para provar. Provações não faltam para esses jovens.

Publicado em VEJA de 4 de abril de 2018, edição nº 2576

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