Almanaque A a Z
Uma lista para acompanhar a Copa dentro e fora de campo, da primeira à última página
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![arte-copa-russia-direita](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2018/06/arte-copa-russia-direita.jpg?quality=70&strip=info&w=128)
Alfabeto cirílico
Para quem vai à Rússia, e mesmo para quem pretende acompanhar a Copa pela televisão, uma brevíssima pílula de informação vernacular. O que significa a seguinte expressão, em russo, grafada em cirílico: Aж сердце схватило (Aj siérdtse skhvatilo)? É o “haja coração”, o já clássico bordão de Galvão Bueno, repetido nos últimos seis Mundiais. Aж сердце схватило!
Bola
![Almanaque de A a Z](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2018/06/043_05197377.jpg?quality=70&strip=info&w=650)
Como sempre acontece de quatro em quatro anos, muito será falado sobre ela nos primeiros dias — os goleiros dirão que está leve demais, os atacantes reclamarão da trajetória tortuosa depois de um chute, muito se louvará a extraordinária tecnologia nela embutida e blá-blá-blá. Mas, passado o susto inicial, atravessado o esforço de marketing da largada, logo a Telstar — eis o nome escolhido para ela nesta Copa — quase sumirá nos gramados, invisível, apesar de ser o objeto sem o qual não haveria futebol.
Canarinho pistola
![Almanaque de A a Z](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2018/06/canarinho-pistola-1-jpeg.jpg?quality=70&strip=info&w=650)
Nunca se viu uma mascote tão emburrada quanto o pássaro amarelo que a CBF apresentou há dois anos, com pompa e circunstância. Talvez ainda estivesse triste e decepcionado com o 7 a 1 da Alemanha, em 2014.
Na internet, onde tudo vira meme, tudo é viral até que deixe de sê-lo, a ave que nunca sorri ganhou um aposto e virou o “canarinho pistola”. Pistola, uma das gírias da hora, define alguém nervoso, enfezado, “pê” da vida. Para o caso de derrota brasileira na Rússia, já há a quem apelar.
De Bruyne
![Almanaque de A a Z](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2018/06/kevin-de-bruyne-874581832.jpg?quality=70&strip=info&w=650)
O treinador Pep Guardiola, do Manchester City, tem a mais perfeita definição de um de seus comandados, o meia-atacante belga Kevin De Bruyne. “Quando a gente fala do Messi, ele talvez esteja sozinho na primeira fila, mas o Kevin pode estar logo atrás”, diz Guardiola.
Aos 26 anos, De Bruyne é um dos candidatos à Bola de Ouro de 2018. Missão complicada. Para estar na mesma fila de Messi ou de Cristiano Ronaldo, ele precisaria levar a Bélgica ao título mundial. Nisso ninguém acredita. A Bélgica estreia contra o Panamá na segunda-feira 18, ao meio-dia, no horário de Brasília.
Estações de metrô de Moscou
![Almanaque de A a Z](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2018/06/estaccca7ao-komsomolskaya-4.jpg?quality=70&strip=info&w=650)
No fim das contas, perder-se numa das mais de 200 estações de metrô de Moscou pode ser até bom negócio. Algumas delas valem por museus. O sistema de transporte subterrâneo, inaugurado em 1935, servia de peça de propaganda soviética, ao reunir grandes arquitetos, pintores e escultores. Uma das mais espetaculares é a Komsomólskaia, com 68 colunas de mármore e iluminada por candelabros. O preço da viagem é de 50 rublos, o equivalente a 3 reais.
Faraó
![Almanaque de A a Z](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2018/06/untitled-52.jpg?quality=70&strip=info&w=650)
“Mo Salah, o rei egípcio!”, brada a torcida do Liverpool para celebrar seu craque, o atacante Mohamed Salah, de 25 anos, o Faraó, que se recupera de um deslocamento no ombro ocorrido na fim da Liga dos Campeões. Simpático, ele é dado a milagres com gols — foram 44 pelo clube inglês apenas em 2018, à frente de Messi e de CR7 na artilharia europeia. Foi Salah — com a ajuda do brasileiro Roberto Firmino — quem levou o Liverpool à finalíssima da Liga, o que não ocorria desde 2007. Pela seleção de seu país, quebrou tabu ainda maior: graças a um pênalti convertido por Salah, o Egito voltou a uma Copa do Mundo após 28 anos de ausência. O Egito estreia contra o Uruguai na sexta-feira 15, às 9 horas, no horário de Brasília.
Griezmann
![Almanaque de A a Z](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2018/06/antoine-griezmann-2018-1339.jpg?quality=70&strip=info&w=650)
O rosto imberbe faz o francês Antoine Griezmann parecer ainda um adolescente. Mas não se deixe enganar pelo gestual de garoto — ele é adepto da comemoração hang loose, à Ronaldinho Gaúcho. O atacante gaulês já tem 27 anos e chega à Rússia com a responsabilidade de conduzir seus jovens companheiros, como Mbappé e Dembélé, ao sonhado bicampeonato mundial. Griezmann acaba de ser campeão da Liga Europa, o segundo torneio de clubes mais importante do continente, com o Atlético de Madrid, marcando dois gols na final. A França estreia contra a Austrália no sábado 16, às 7 horas, no horário de Brasília.
Hexa
![Almanaque de A a Z](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2018/06/cbf-sexta-estrela-2.jpg?quality=70&strip=info&w=650)
Como nas últimas três edições da Copa, apenas a seleção brasileira pode alcançar a sexta estrela no uniforme. Mas é bom abrir o olho: caso a Alemanha vença novamente, o time verde e amarelo ganhará companhia na condição de campeão mundial com cinco títulos.
Iniesta
![Almanaque de A a Z](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2018/06/iniesta-espanha-2018-gettyimages-967176468.jpg?quality=70&strip=info&w=650)
O ano de 2018 ficará marcado na carreira do meia Andrés Iniesta como a temporada das despedidas. Depois de 22 invernos defendendo o azul-grená do Barcelona, o craque espanhol disse adeus ao único clube que defendeu na vida — na próxima temporada, tratará de engordar sua aposentadoria jogando por um time japonês, o Vissel Kobe. Autor do gol que deu o único título mundial à sua seleção, em 2010, o jogador de 34 anos também deve fazer na Rússia sua quarta e última participação em Copas. E Iniesta quer limpar a má impressão deixada pelos espanhóis no Mundial de 2014, no Brasil, quando chegaram como campeões e foram eliminados ainda na primeira fase. Espanha e Portugal abrem seu grupo na sexta-feira 15, às 15 horas, no horário de Brasília.
Joachim Löw
Desde o italiano Vittorio Pozzo, campeão mundial em 1934 e 1938, nenhum treinador se sagrou vencedor em duas Copas consecutivas. O atual técnico dos alemães tem boas chances de igualar o feito. Löw era o treinador alemão no 7 a 1. A Alemanha estreia contra o México no domingo 17, ao meio-dia, no horário de Brasília.
Korrúptsia
![Almanaque de A a Z](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2018/06/ruble-yashin-000_158863.jpg?quality=70&strip=info&w=650)
Essa nem precisa de tradução. De acordo com a Transparência Internacional, o país anfitrião da Copa ocupou no ano passado a 135ª colocação entre 180 nações avaliadas pelo Índice da Percepção da Corrupção Global — o Brasil está em 96º lugar no mesmo ranking. Quanto mais baixa a colocação, maior a taxa de propina desenfreada.
Lujniki
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Cenário do jogo de abertura e da final, o principal estádio da Copa foi inaugurado em 1956, como Estádio Central Lenin. Foi palco de um momento inesquecível. Na Olimpíada de 1980, foi em sua arquibancada que o ursinho Misha, mascote daquela edição, derramou lindas lágrimas durante a cerimônia de encerramento dos Jogos. A reforma começou em 2013 e só terminou no ano passado, a tempo da Copa das Confederações. Tem capacidade para 81 000 pessoas.
Messi
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Basta escrever Messi, e muito mais não há a relatar. A não ser que, caso leve a taça para a Argentina, ele expelirá do glossário universal dos craques eternos o representante vitalício da letra M, Maradona, campeão do mundo em 1986.
Noites brancas
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Nos dias próximos ao solstício de verão no Hemisfério Norte (21 de junho), o sol insiste em não se esconder além do horizonte. Em São Petersburgo, o fenômeno é atração turística. Noites Brancas é também uma pequena e comovente história de amor de Dostoiévski.
Ovo Fabergé
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No vasto repertório artístico da Rússia, um elemento se destaca pela opulência. Os delicadíssimos ovos criados no ateliê de Peter Carl Fabergé (1846-1920), o joalheiro oficial do clã Romanov, que comandou a Rússia até 1917. A história conta que o primeiro dos cinquenta ovos imperiais foi forjado a pedido do czar Alexandre III (1845-1894) como presente de Páscoa a sua esposa, Maria Feodorovna. Depois da Revolução Bolchevique, a maior parte dessas preciosidades foi confiscada pelo governo. Hoje, elas valem milhões.
Puxadinho
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A Arena de Ecaterimburgo, que receberá quatro jogos da Copa, ganhou um feioso anexo provisório, com arquibancadas metálicas posicionadas para além de suas linhas originais, o que ampliou sua capacidade de 27 000 para 35 000 torcedores. Recurso semelhante foi usado no Itaquerão, em 2014.
Quilometragem
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A dimensão continental da Rússia, à semelhança do Brasil, obrigará times e torcedores a longas travessias. A seleção brasileira, por exemplo, percorrerá mais de 10 000 quilômetros se chegar à final, em 15 de julho — a equipe de Tite ficará hospedada na cidade de Sochi pelo menos até as oitavas de final, e não fará nenhuma das sete partidas na sede que escolheu.
Ronaldo, o português…
![Almanaque de A a Z](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2018/06/untitled-21.jpg?quality=70&strip=info&w=650)
Cristiano é outro que não exige explicação. Basta saber que é o mais carismático jogador da atualidade, o rei da arrogância, uma figura sem a qual a Copa da Rússia perderia a graça. A primeira chance de ver CR7: sexta-feira 15, às 15 horas, no horário de Brasília.
SON
![Almanaque de A a Z](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2018/06/islandia-torcida.jpg?quality=70&strip=info&w=650)
Na Islândia, seus pouco mais de 300 000 habitantes não têm sobrenome. Os cidadãos são conhecidos pelo primeiro nome (e é pela ordem do nome que aparecem nos catálogos telefônicos). Mas carregam um patronímico. Todo mundo é son de alguém. Son, em islandês, é filho. Nas costas da camisa dos jogadores durante a Copa, a Fifa decidiu identificá-los como Magnússon, Sigurdsson, Halldórsson etc. Dos 23 convocados da seleção viking, apenas um, o terceiro goleiro, não é son. É Schram. A Islândia estreia contra a Argentina no sábado 16, às 10 horas, no horário de Brasília.
Tunísia
![Almanaque de A a Z](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2018/06/tunisia-simbolo-futebol14.jpg?quality=70&strip=info&w=650)
Foi a primeira seleção africana a vencer um jogo de Copa do Mundo, em 1978, contra o México, por 3 a 1. É bom ficar de olho, portanto. A Tunísia estreia contra a Inglaterra na segunda-feira 18, às 15 horas, no horário de Brasília.
União Soviética
![Almanaque de A a Z](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2018/06/pele-uniao-sovietica.jpg?quality=70&strip=info&w=650)
Convém não confundir a Rússia com a URSS. Esta já não existe desde 26 de dezembro de 1991. A Rússia era apenas uma das quinze repúblicas que formavam o bloco soviético. Em Copas do Mundo, o desempenho soviético é muito melhor do que o dos russos isoladamente: em sete participações, a URSS conquistou um quarto lugar em 1966. A Rússia, depois da perestroika e da glasnost, disputou três Mundiais (1994, 2002 e 2014), parando sempre na primeira fase.
VAR
![Almanaque de A a Z](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2018/06/arbitro-video-russia-2017-7074.jpg?quality=70&strip=info&w=650)
É a sigla em inglês de video assistant referee, o árbitro de vídeo. O sistema será usado pela primeira vez em Copa do Mundo. Testado desde 2016, ele auxiliará o juiz dentro do gramado a tirar dúvidas em quatro situações específicas: na confirmação de um gol, na marcação de pênalti, na utilização direta do cartão vermelho e em caso de confusão na identificação do jogador infrator. Representará o fim das grandes polêmicas? Talvez sim, mas é o caso de esperar para ver.
Xenofobia
![Almanaque de A a Z](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2018/06/roberto-carlos-banana.jpg?quality=70&strip=info&w=650)
Eles não se consideram europeus, tampouco se denominam asiáticos. São, para todos os efeitos, russos. E boa parte da população prefere que a tradítsia russa seja preservada. Esse nacionalismo exacerbado, que encontra no futebol uma caixa de amplificação, por vezes costuma descambar para o racismo. O lateral brasileiro Roberto Carlos foi vítima de cenas de racismo quando jogava na equipe russa do Anzhi, em 2011. Chegou a abandonar um jogo, em protesto. Não houve punição contra os agressores.
Y, a própria letra
![Almanaque de A a Z](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2018/06/tipo-metal-letras-425.jpg?quality=70&strip=info&w=650)
O sobrenome Dostoiévski, em russo, é Достоéвский — no fim, as letras И e Й despontam em sequência. A primeira, sem o til, é o nosso i. A segunda é um prolongamento do i, que não existe em português. Em inglês, a transliteração do sobrenome do escritor é Dostoevsky. O y é utilizado porque tem, em inglês, um som mais próximo ao da pronúncia original em russo, que estica o finzinho, como um i longo. Já se cogitou, entre filólogos, transliterar o sobrenome Dostoiévski para Dostoiévskii, com dois is, mas ficaram só na ideia.
Wianey Carlet
![Almanaque de A a Z](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2018/06/tison-brasil.jpg?quality=70&strip=info&w=650)
Nos idos de 2009, o jornalista gaúcho Wianey Carlet proferiu uma das mais desproporcionais bravatas da crônica esportiva de todo o mundo, em todos os tempos. Em seu blog no Zero Hora, sob o título “Taison ou Messi, o futuro dirá quem foi melhor”, o comentarista quis enaltecer a promessa do Internacional, instalando-o ao lado do gênio argentino. Carlet morreu em setembro do ano passado. Todos os obituários que lhe prestaram merecida homenagem lembraram a bizarra comparação. Se o Brasil se sagrar hexacampeão na Rússia, com o ex-jogador colorado entre os heróis do título, Carlet ganhará, mesmo que post mortem, alguma redenção. Afinal, somente ele poderia dizer algo como: “Taison é campeão do mundo. E Messi?”.
Zabivaka
![Almanaque de A a Z](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2018/06/zabivaka-mascote-copa-russia-2018.jpg?quality=70&strip=info&w=650)
O simpático lobinho que usa uma espécie de máscara de esqui foi o mais votado na eleição popular que o elegeu a mascote oficial da Copa — ele superou um tigre e um gato. O significado de seu nome é “bola dividida”. A Fifa explica que Zabivaka quer dizer “aquele que marca gols”, mas o verbo zabivat também pode ser entendido como “atacar”. Resultado: os piadistas passaram a descrever o bicho simpático como um perigoso lobo hooligan, afeito a ataques.
Publicado em VEJA de 13 de junho de 2018, edição nº 2586