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Ao fim da fase de grupos, houve dois destaques: a derrocada da Alemanha, que viveu seu próprio 7 a 1 contra a Coreia do Sul, e a salvação da Argentina

Por Silvio Nascimento, de Moscou
Atualizado em 4 jun 2024, 16h41 - Publicado em 29 jun 2018, 06h00

Os derradeiros suspiros da Alemanha na Copa do Mundo, ao perder de 2 a 0 para a Coreia do Sul, foram como um ímã a atrair tudo o que se viu até agora na Rússia: o primeiro gol coreano foi confirmado pelo VAR, o árbitro assistente de vídeo. Houve drama, porque aos alemães só interessava a vitória para apagar uma sina — a de que campeões do mundo numa Copa são eliminados logo na primeira fase na Copa seguinte. Aconteceu com a França, em 2002; com a Itália, em 2010; e com a Espanha, em 2014 – e também com o Brasil de Pelé e Tostão, em 1966, mas isso foi lá no Pleistoceno. A Alemanha seguiu a sina.

Em contraste com o drama da seleção germânica, que se supunha praticamente classificada depois do gol redentor de Toni Kroos contra a Suécia nos acréscimos, deu-se a euforia da Argentina, emoldurada pela alegria descontrolada de Diego Maradona, que fez um espetáculo numa das tribunas do estádio em São Petersburgo: caras e bocas, gestos obscenos e mal-­estar, possivelmente por excesso de bebida associado a remédios. No campo, Messi se recuperou, os argentinos venceram a Nigéria por apertadíssimos 2 a 1, com gol nos últimos momentos.

Com isso, nas oitavas de final o Brasil escapou da Alemanha, duelo que representava a possibilidade de revanche do 7 a 1 — ou, pesadelo maior, de repetição de uma tragédia. Não será nem uma coisa nem outra. “Esta Copa está estranha, com muitas seleções fechadas na retranca, jogando por uma única bola boa”, diz o treinador Cuca. “O resultado é a eliminação da Alemanha e o sufoco que passaram Espanha, Argentina e Portugal.”

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7 A 1 - Não foi exatamente assim, mas os alemães tiveram seu dia de horror (Markus Gilliar/AFP)

A fase de grupos acabou, virou história — com apenas um jogo em zero a zero, uma média de gols razoável (2,54 ante 2,83 da Copa de 2014, no Brasil) e a explosão de pênaltis marcados com a confirmação pelo VAR (houve 24 pênaltis nos 48 jogos iniciais, recorde histórico). Entre as dezesseis equipes classificadas para o mata-mata, há seis campeões do mundo: três europeus (Inglaterra, Espanha e França) e três sul-americanos (Brasil, Argentina e Uruguai). São dez equipes da Europa, cinco das Américas e o Japão. Para efeito de comparação, quatro anos atrás o quadro era bem diferente: seis europeus (Alemanha, Holanda, França, Suíça, Bélgica e Grécia), oito das Américas (Argentina, Brasil, Uruguai, Colômbia, México, Chile, Estados Unidos e Costa Rica) e dois africanos (Argélia e Nigéria).

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Há sempre um equilíbrio, com discreta oscilação de força entre europeus e sul-americanos, e este Mundial, apesar de estranho, como diz Cuca, segue a mesma toada. O próximo adversário da seleção, o México, não é bicho-papão, e vem de derrota por 3 a 0 para a Suécia. As duas seleções se enfrentaram quarenta vezes, com 23 vitórias brasileiras e dez empates, sendo que em Copas foram três vitórias brasileiras e um empate — embora seja bom lembrar, apenas por lembrar, da derrota por 2 a 1 na final da Olimpíada de Londres. Neymar estava em campo. As noites brancas de São Petersburgo, essas que nos deixam insones diante da luz e acordados de ansiedade, estão apenas começando. A Copa é agora.


O Caminho para Moscou

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(VEJA/iStock)

Publicado em VEJA de 4 de julho de 2018, edição nº 2589

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