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A foto do escárnio

Como interpretar a imagem abaixo? É o registro de um fato extraordinário ou a prova visual de que a atividade política é sinônimo de atividade criminosa?

Por Diogo Schelp Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 set 2017, 06h00 - Publicado em 8 set 2017, 06h00

Como interpretar a imagem acima? É o registro de um fato extraordinário ou a prova visual de que a atividade política é sinônimo de atividade criminosa? Com base em uma denúncia telefônica, a Polícia Federal encontrou, na terça-feira 5, nove malas e sete caixas de papelão transbordando de dinheiro vivo em um apartamento vazio em Salvador que estaria sendo usado por Geddel Vieira Lima, ex-ministro de Michel Temer, para guardar pertences do falecido pai. A PF precisou de catorze horas e sete máquinas de contar dinheiro para anunciar a cifra exata da maior apreensão de sua história: 42 643 500 em cédulas de 100 e 50 reais e 2 688 000 dólares, num total equivalente a mais de 51 milhões de reais em espécie. Em prisão domiciliar provisória desde julho, Geddel foi poupado da tornozeleira eletrônica porque o item estava em falta na Bahia. Com a dinheirama, daria para comprar 25 000 desses aparelhos. Geddel responde por obstrução da Justiça. Tentou dissuadir o doleiro Lúcio Funaro de denunciá-lo no esquema de propinas na concessão de empréstimos da Caixa Econômica. Geddel foi vice-presidente da Caixa entre 2011 e 2013, no governo de Dilma Rousseff. Funaro disse ter feito várias viagens para levar malas e sacolas de dinheiro a Geddel. A imagem, que espantou o Brasil pelo seu grafismo pornográfico, é um deboche, um escárnio. E o apartamento é um bunker de ladrões que roubam mais que narcotraficantes. Ah, sim: Geddel participou de passeata contra a corrupção há dois anos.

Publicado em VEJA de 13 de setembro de 2017, edição nº 2547

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