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Vaticano já teve 3 papas eleitos para o mesmo mandato

Historiador explica que a eleição passou a ser com as portas fechadas para diminuir pressões políticas e econômicas do processo

Por Valéria França Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 abr 2025, 21h28 - Publicado em 30 abr 2025, 19h41

A primeira vez que o os cardeais se reuniram secretamente a portas fechadas para escolher o líder máximo da igreja, como acontece atualmente, foi em 1274. A inciativa fez parte de uma série de mudanças, realizadas na reforma promovida pelo papa Gregório VII (1015-1085). O conclave, como é chamada essa reunião para a eleição do sumo pontífice, é resultado de uma longa luta contra a venda de cargos eclesiásticos e o fortalecimento da autoridade da figura central da Igreja.

As influências externas eram tantas, que, em 1159, foram escolhidos dois papas: Vitor IV, candidato do imperador Frederico I, da Germânia, e Alexandre III, indicado por Roma. Cinco anos depois, Vitor IV morre e, rapidamente, Frederico consegue que sejam eleitos mais dois papas, Pascoal III e Calixto III, mas Alexandre III também continua no cargo. “A Igreja ficou com três papas no poder”, diz o historiador Rodrigo Rainha, professor da Estácio, especializado no período medieval. “Ainda que o papa fosse o principal líder, a igreja não estava organizada e ainda não tinha se fortalecido o suficiente.”

No século XI, a Igreja passa por um racha. Dele surge a Igreja Ortodoxa e a Católica Apostólica Romana. “É neste momento que a Igreja Católica Romana passa a ter no papa a figura mais importante de poder e, consequentemente, todos os principais líderes políticos aumentam as pressões para influenciá-la, enquanto, internamente, tenta se organizar e se firmar com uma instituição mais independente”, diz Rainha.

Neste caminho, Gregório VII entre em conflito com o imperador Henrique IV, do Sacro Império Romano-Germânico (região correspondente aos países que compõem hoje a Europa central). O grande embate entre os dois ficou conhecido como “investidura”. Henrique IV foi excomungado pelo papa, que encontrou na punição a forma de detê-lo. “A ideia era promover o isolamento do imperador, que, para reverter a situação, chegou a se retratar e foi perdoado”, conta Rainha. “Logo depois, no entanto, Henrique consegue exilar o papa”.

A realidade é outra, mas o Vaticano não é uma ilha. Depende de grandes doações e ainda tem um banco próprio. O Instituto per le Opere di Religioni (IOR) ou simplesmente Banco do Vaticano, foi criado em 1942, para administrar os ativos da Igreja. Desde que assumiu o papado, em 2013, Francisco aumentou a transparência da instituição financeira, tornando obrigatória a publicação das demonstrações financeiras. Mais tarde, providenciou uma auditoria. O Banco do Vaticano esteve no centro de episódios de corrupção na década de 1980, e, mais recentemente, em 2010.

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Há muitos interesses em jogo na escolha do líder da igreja, o que torna o conclave um processo tão importante até hoje. No passado, antes da eleição ser a portas fechadas, os cardeais chegaram a demorar quase dois anos para escolher o papa. Atualmente ficam isolados no Vaticano, sem acesso nem à internet, para votar no novo líder. Só saem de lá quando um dos candidatos alcança dois terço dos votos.

Leia:

+https://veja.abril.com.br/religiao/morte-do-papa-francisco-deixa-legado-de-simplicidade-e-impoe-dilema-a-igreja-catolica/

+https://veja.abril.com.br/coluna/e-tudo-historia/conclave-3-coincidencias-surpreendentes-do-filme-com-a-vida-real/

 

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