Entenda a importância de Santo Agostinho na Igreja Católica
Considerado um doutor da Igreja, disseminou ideais que moldaram a teologia ocidental e se transformaram em pilares do catolicismo romano

A Ordem dos Agostinianos, também conhecida como Ordem de Santo Agostinho ou Frades Agostinianos, foi fundada pelo Papa Inocêncio IV, por meio da Bula “Incumbit nobis”, em 1244. Mais tarde, a inciativa recebeu a chancela do Papa Alexandre IV, em 1256. Formalizava-se oficialmente uma nova ordem, onde os religiosos deveriam seguir preceitos baseados na simplicidade, pobreza, trabalho, castidade, obediência e valorização da comunidade. Muito antes disso, no entanto, esses princípios já eram seguidos, na Itália, por vários grupos de eremitas (monges que viviam retirados), seguidores de Santo Agostinho (354-430 d.C.), filósofo e teólogo, que bebeu dos ensinamentos de Platão, na juventude, e aos 33 anos foi batizado no Cristianismo por Santo Ambrósio, em Milão. Mais tarde tornou-se bispo de Hipona, província romana da África, país onde nasceu.
O pensamento de Santo Agostinho moldou profundamente a teologia ocidental. Suas obras, como Confissões e A Cidade de Deus, influenciaram não apenas a espiritualidade agostiniana, mas também a doutrina oficial do catolicismo. Quando o Império Romano do Ocidente começou a ruir, Agostinho desenvolve a ideia da Igreja Católica como a Cidade de Deus, diferente da cidade terrena. A centralidade da teoria enfatiza a importância da graça divina para a salvação, da busca interior por Deus, da vida comunitária e do amor fraterno. Ele ressignifica a teoria platônica, identificando o mundo das ideias de Platão como o mundo das ideias divinas cristãs, onde Deus é o criador do mundo e do fundamento de tudo. Os agostinianos, como seguidores de sua regra de vida, ajudaram a preservar, interpretar e disseminar esse legado.
Na Idade Média, seus seguidores se espalharam por toda a Europa. Tiveram papel importante em universidades como Paris, Salamanca e Pádua. Enviaram missionários para as Américas, África e Ásia a partir do século XVI. Influenciaram movimentos teológicos e até a Reforma Protestante, que teve como fundador Martinho Lutero, monge agostiniano alemão. Muitos protestantes, inclusive luteranos e calvinistas, consideram Agostinho como um dos pais teólogos da Reforma Protestante. Na Igreja Católica Romana é venerado como um santo, devido a vida de dedicação à fé, e um doutor da igreja.
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