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“Deus me tirou da escuridão”, diz padre influencer com 6,7 milhões de seguidores

Patrick Fernandes, 38 anos, superou a depressão para se tornar um padre pop

Por Bárbara Bigas Atualizado em 24 Maio 2025, 16h07 - Publicado em 24 Maio 2025, 08h00

Em 2025, estou cheio de planos. É um ano jubilar da encarnação do verbo de Deus, e estou organizando uma peregrinação à Itália. Planejo ainda um novo livro. Meu trabalho na internet me possibilitou mostrar a fé de forma mais leve. Consegui falar com pessoas do mundo todo por meio de um celular. Mas nem sempre foi assim. No passado, eu me limitava muito. Fui filho de pais separados desde que era bebê. Nasci em Santo Antônio do Canaã, no Espírito Santo. Para melhorar de vida, minha mãe, que criava duas crianças em esquema solo, nos levou para o estado do Pará quando eu tinha 8 anos. Éramos uma família carente e eu não tinha sonhos. Aprendi a encontrar potencial nas pessoas porque acreditei por muito tempo que não podia ir além de onde eu me achava. Ao chegar ao Pará, minha mãe viveu um relacionamento tóxico. Ela não conseguia perceber e isso fez com que a gente se distanciasse. Saí de casa, voltei para o Espírito Santo, cheguei a morar sozinho ainda menor de idade, porque não conseguia aceitar aquilo. Havia no meu coração vazios a ser preenchidos.

Sem esperar, tive o melhor fim de semana da minha vida, aos 18, quando fui chamado para um retiro da Igreja Católica para jovens. Eu não era de família religiosa, mas já era conhecido por ser uma criança boa. Sempre tive muita empatia pelas pessoas, um olhar voltado para o outro. E ali, no retiro, vivi algo que me tocou profundamente. Saí de lá com propósitos de vida e uma necessidade de perdão. Depois, fui me confessar com o padre daquela igreja e ele me convidou para fazer uma experiência vocacional. Assim começou minha caminhada no seminário. No dia 27 de janeiro de 2013, aos 25, me comprometi a ser padre. Fiz um compromisso para a minha vida. Não podia pular para fora do barco nas primeiras tempestades.

Foi, então, que enfrentei a depressão. Demorei para reconhecer que estava doente, até pela ideia de que temos de ser fortes sempre. Chegou um momento em que não suportava mais celebrar missa. Quando alguém me procurava para falar da própria vida, aquilo era um peso. Minha fé, que é o que há de mais importante em mim, estava abalada. Por isso, procurei ajuda. Conversar com uma psicóloga foi o primeiro passo. A partir dali, comecei a cuidar de mim e tomar medicação. Após iniciar o tratamento, senti a vida voltar para os eixos. Reativei meu Instagram, em uma tentativa de me reaproximar das pessoas. Lá, comecei a fazer vídeos respondendo a perguntas, mas era uma coisa despretensiosa, para os meus poucos seguidores de Parauapebas (cidade a 652 quilômetros de Belém). Lembro que um tempo depois fiz uma viagem para participar de um podcast e tive de fazer três conexões. Nas paradas nos aeroportos, as pessoas começaram a pedir para tirar foto comigo. Foi aí que tive a percepção de que eu tinha furado a bolha.

Minha primeira reação foi de gratidão, porque foi logo no período pós-depressão. Entendi que Deus me tirou da escuridão para me dar carinho por onde passo. As cicatrizes ficaram, mas soube que estava recebendo amor. Com meu trabalho na internet, comecei a viajar e fazer shows. Usava o humor para atrair, sempre estive certo de que queria conduzir meu ministério com alegria. Mas, se ficasse só nisso, seria raso. As pessoas permanecem nas minhas redes pelo conteúdo sério também. A todo momento me espanto de forma positiva com a repercussão, mas, às vezes, tenho saudade do meu anonimato. Uma hora vai ser necessário me desconectar. Vou precisar de um ano sabático para desintoxicar um pouco. Mas, por ora, me divido entre os shows e a paróquia. Busco mostrar que a gente pode viver em fraternidade, apesar das nossas diferenças. E assim vou vivendo, um dia de cada vez.

Patrick Fernandes em depoimento a Bárbara Bigas

Publicado em VEJA de 23 de maio de 2025, edição nº 2945

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