Washington Reis desperta ira de Castro e Bacellar ao tentar ser protagonista da redução de passagens
Secretário de Transportes diz que não criou o "choque" com os dois; presidente da Alerj chama o caso de "antecipação eleitoral"

O secretário estadual de Transportes do Rio, Washington Reis (MDB), tentou ficar à frente – sozinho – da redução das passagens de trem e metrô no Rio. Acabou despertando a ira tanto do governador Cláudio Castro (PL) quanto do presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União), que tem expectativa de disputar o governo do estado. De acordo com um político ligado aos dois, Bacellar teria ligado para Castro assim que o RJTV1, da TV Globo, deu ontem a notícia de Reis sobre a mudança nas tarifas ainda nesta semana. Castro, imediatamente, agiu para desautorizar, com o telejornal no ar, o secretário.
Bacellar, que em breve deve assumir o lugar de Castro durante ausência do governador em viagens, trabalha para se tornar conhecido do eleitorado fluminense. Todas as agendas importantes do governo têm sido calculadas para que ele e Castro – possível candidato ao Senado do PL – estejam sob os holofotes. Ao tomar a dianteira sobre decreto de grande apelo popular, Reis desagradou – e muito – os dois. De acordo com o que o emedebista tem divulgado há semanas, as passagens cairiam de R$ 7,60 nos trens e de R$ 7,90 no metrô para R$ 4,70 nos dois modais. Ele já afirmou que o decreto está pronto na mesa do governador. O Governo do Estado confirma o interesse em reduzir a tarifa do metrô e dos trens. Mas aguarda a finalização dos estudos técnicos para que a medida tenha segurança financeira e jurídica. O anúncio deverá ser feito em breve.
“O choque não foi criado por mim”
Reis já foi um dos preferidos de Castro para disputar sua sucessão. No entanto, o aliado está inelegível e tenta reverter a situação no Supremo Tribunal Federal (STF), num caso de crime ambiental. A VEJA, o secretário disse nesta terça-feira que Castro é o “protagonista” da redução das tarifas e que não pretendia criar atrito, mas que viu ontem um cenário de “política fora de época”, sem citar nomes. “O choque não foi criado por mim”, afirmou. “A ideia é investir no transporte de alta capacidade, como fiz nas barcas, que fiz com a minha cabeça, sozinho. Agora levei para o metrô e para o trem e entreguei para o governador”.
“Antecipação do processo eleitoral”
Bacellar tem outros motivos para não gostar do político da Baixada. Um deles é a sua proximidade com o clã Garotinho, inimigo político do presidente da Alerj na cidade de Campos. Reis também vem insistindo nos bastidores na sua candidatura a governador. Em nota, Bacellar, que preside o União Brasil no estado, deixou clara a insatisfação com o episódio de ontem: “O presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, reafirma o seu trabalho, ao lado do governador Cláudio Castro, em diversas pautas importantes, como é o caso da redução das passagens de trem e metrô. Inclusive, buscando caminhos para garantir a viabilidade orçamentária. O presidente lamenta a antecipação do processo eleitoral. Até porque, eleição não é uma pauta que interessa a população no momento. Para Bacellar, o diálogo vai prevalecer e os interesses da população estão acima de qualquer gestor público”.