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União Brasil vê ‘artilharia’ contra o partido e busca maneiras de se blindar

Com demissão de ministro e operação da Polícia Federal no encalço, lideranças da legenda são cobradas a adotar algum tipo de reação

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 13 abr 2025, 18h03

A denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o agora ex-ministro das Comunicações Juscelino Filho reacendeu dentro do União Brasil a sensação de que o partido foi colocado na mira de um ataque político e jurídico.

Juscelino deixou o governo Lula na última terça-feira, 10, após a formalização da denúncia da PGR. Ele havia sido indiciado pela Polícia Federal em junho do ano passado pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa, falsidade ideológica e fraude em licitação – como a decisão é sigilosa, não se sabe se a Procuradoria acatou o parecer da PF na íntegra.

Leia também: Não deu para segurar: Os bastidores da queda de Juscelino Filho no governo Lula

Logo que assumiu a pasta das Comunicações, o titular se viu às voltas de uma enxurrada de acusações. A mais grave delas, e que culminou com a ação judicial, aponta que Juscelino se beneficiou de recursos do orçamento secreto num esquema para pavimentar uma estrada que dá acesso a uma fazenda dele, construída por meio de uma empresa da qual o próprio ministro seria um “laranja”.

Juscelino sempre negou as acusações e, em público, afirmou que a investigação tinha o objetivo de desgastar o governo. Nos bastidores, aliados do político têm calcificada a certeza de que há as digitais do ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino na produção e propagação de dossiês contra o chefe das Comunicações logo no início do mandato – à época, Dino ocupava o cargo de ministro da Justiça. Os dois são notórios adversários políticos no Maranhão.

A suspeita ganhou mais força quando a Polícia Federal, então comandada pela pasta de Dino, acelerou as apurações contra um empresário investigado, encontrou mensagens suspeitas entre ele e Juscelino e concentrou as operações em Vitorino Freire, reduto do então ministro. Numa ironia do destino, Flávio Dino é o relator da ação no Supremo e, assim, tem em suas mãos o andamento do caso.

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Ação e reação

Com três ministérios no governo Lula, o União Brasil tem a terceira maior bancada na Câmara, com 59 deputados, além da presidência do Senado, com Davi Alcolumbre. Enquanto o governo se empenha em evitar desgastes com o Congresso, as ações do Supremo e da PF aumentam a temperatura. Importantes lideranças veem uma atuação em parceria entre Dino e o Palácio do Planalto para constranger políticos com as investigações sobre emendas parlamentares, que já acumulam mais de 80 inquéritos sigilosos.

O mais rumoroso desses casos atingiu o União Brasil em cheio. Os principais caciques da legenda estão no centro da Operação Overclean, que apura desvios em contratos de limpeza urbana custeados com verbas encaminhadas por deputados. A PF chegou a pedir formalmente que o caso ficasse nas mãos de Dino, mas, sem nenhum precedente, a cúpula do Supremo rejeitou a investida.

“Há uma constante artilharia voltada contra o partido”, reclamou uma das principais lideranças do União Brasil após a formalização da denúncia contra Juscelino. Por isso, ressalta esse dirigente, a legenda tem de estar “externamente unida e internamente blindada”. Num gesto para dentro, a sigla emitiu uma nota em que defende o correligionário. “Juscelino Filho segue contando com a confiança da bancada e da Executiva Nacional do União Brasil. Sua trajetória política e contribuição ao governo são motivo de reconhecimento dentro e fora do partido”, registrou o presidente Antônio Rueda.

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Outro possível alvo da Overclean é o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). A PF encontrou mensagens em que empresários investigados citam a chefe de gabinete dele como uma das pontes para ajudar a destravar um contrato de interesse do grupo. O caso subiu para o STF após também serem encontrados indícios de irregularidades envolvendo o deputado Elmar Nascimento (União-BA), que já foi favorito a presidir a Câmara neste ano.

Como mostrou reportagem de VEJA, em meio ao tiroteiro, Alcolumbre foi aconselhado a reagir. Uma série de possíveis retaliações foi levada à mesa – elas vão desde um pedido formalizado pela cúpula do Congresso para acabar com o sigilo dos inquéritos, que mantém a classe política como um todo em suspeição, a criar uma apuração interna para investigar eventuais casos de abuso de poder e irregularidades cometidas pela PF e pelo STF durante o processo. Ao menos por enquanto, Alcolumbre tem evitado esticar ainda mais a corda.

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