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Tensão entre PSOL e PL na Câmara envolve traição do PP em comissão

Progressistas retiraram vagas cedidas à legenda de esquerda na comissão de Educação

Por Ricardo Ferraz Atualizado em 8 Maio 2024, 12h24 - Publicado em 14 mar 2024, 13h21

A retomada das atividades das comissões sob nova configuração na Câmara dos Deputados elevou a tensão entre PSOL e PL. Os dois partidos, que costumam se alfinetar por motivos ideológicos, subiram o tom nos colegiados destinados a debater educação e direitos humanos. O clima quente se dá, no entanto, por questões que vão além das posições antagônicas entre direita e esquerda.

Na noite da segunda-feira, dia 12, as lideranças do PSOL foram informadas que duas vagas da comissão de educação que tinham sido cedidas pelo PP foram retiradas e transferidas para representantes do PL. Saíram Talíria Petrone (PSOL-RJ) e Fernanda Melchione (PSOL-RS) para a entrada de Alexandre Ramagem (PL-RJ) e Bia Kicis (PL-DF).

Os dois parlamentares do PL são da tropa de choque bolsonarista e foram escalados para dar suporte ao novo presidente da Comissão de Educação, Nikolas Ferreira (PL-MG), outro integrante da direita mais aguerrida que passou a comandar as atividades legislativas de uma das áreas mais caras à esquerda.

Mudanças na composição de forças

O colegiado é formado por 42 parlamentares. Na segunda-feira, uma reunião do bloco governista havia avaliado que tinha o apoio de 24 deputados, o que configuraria maioria para obstruir qualquer tentativa de Nikolas de impor pautas de direita, mas o cálculo mudou depois das mudanças promovidas pelo PP.

A avaliação do PSOL é a de que os Progressistas quebraram um acordo comum que costuma acontecer entre as legendas: a troca de assentos nas comissões de maior interesse. O arranjo do PSOL com o PP previa a abertura de vagas na Comissão de Agricultura, cuja presidência foi assumida por Vicentinho Júnior (PP-TO), integrado ao órgão por uma cadeira cedida pelo PSOL.

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“Estamos confiantes de que o líder do PP, Professor Luizinho, que aparentemente não estava sabendo da quebra do acordo, irá reverter essa situação”, diz Tarcísio Motta, um dos integrantes do PSOL na Comissão de Educação.

Clima quente

A  primeira reunião, sob gestão de Nikolas Ferreira, eleito com mais de 1,5 milhão de votos, foi cercada de expectativas, já que ele costuma estar envolvido em polêmicas. No ano passado, chegou a subir com uma peruca no parlatório do plenário da Câmara para protestar contra a normalização da mudança de sexo por pessoas transsexuais. O ato foi lido como deboche pelos defensores das causas LGBTQIA+.

O deputado de Minas Gerais, contudo, manteve postura serena ao longo dos trabalhos. “Tem vezes em que a gente é atacante, tem vezes que é zagueiro. Eu prefiro ser atacante, confesso, mas pretendo manter meus posicionamentos de maneira diferente”,  garantiu.

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Em determinado momento, porém, ele chegou a discutir com Sâmia Bonfim (PSOL-SP), depois que ela lamentou que “a presidência de uma comissão dessa importância seja exercida por alguém que não tem nenhum compromisso com a educação”. Sem elevar a voz, Nikolas rebateu: “Minha representação é dada por quem vota em mim, não por você”.

Comissão de Direitos Humanos

As desavenças entre PSOL e PL se tornaram mais explícitas na Comissão de Direitos Humanos. O deputado Eder Mauro (PL-PA) se envolveu em um bate-boca com Talíria Petrone, ao provocar os parlamentares de esquerda às vésperas do aniversário de seis anos da morte da vereadora do Rio Marielle Franco. “Marielle Franco acabou, porra. Não tem porra nenhuma aqui”, gritou. Talíria, também aos gritos, chamou o parlamentar bolsonarista de “torturador” e “matador de merda”.

A confusão obrigou o encerramento da sessão.

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