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Temer: ‘Vou entregar a casa em ordem no fim de 2018’

Durante evento em São Paulo, presidente tentou mostrar a investidores união em torno das reformas e reforçou que não há 'plano B"

Por Eduardo Gonçalves
Atualizado em 30 Maio 2017, 16h10 - Publicado em 30 Maio 2017, 11h07

Em mais um esforço para minimizar a maior crise já enfrentada por seu governo, o presidente Michel Temer (PMDB) tentou nesta terça-feira convencer uma plateia de investidores e empresários nacionais e estrangeiros de que ele é a única opção viável para colocar o país nos trilhos.

O presidente reforçou que não pretende deixar o Planalto e que “não há plano B“. No fim, concluiu o discurso, dizendo que traz uma mensagem de otimismo e de “confiança na segurança jurídica do país”. “Nós chegaremos ao fim de 2018 com a casa em ordem. Quem apanhar essa locomotiva em 2018 encontrará o país nos trilhos. Essa trajetória não será interrompida. Nela seguiremos e não podemos e não devemos abandoná-la. Faço isso em nome dos 14 milhões de desempregados do Brasil”, disse Temer, referindo-se à necessidade de aprovação das reformas trabalhista e previdenciária, que tramitam no Congresso.

A fala do presidente durou cerca de 20 minutos e se ateve basicamente em exaltar os feitos da sua gestão na área econômica –Temer não fez nenhuma menção às investigações da Operação Lava Jato ou à crise política que acomete o seu governo. Comentou apenas que o país vive um momento de “brasileiro contra brasileiro” e que o governo “não titubeou” e tomou “medidas saneadoras para restabelecer a ordem”, justificando a convocação das Forças Armadas para conter protestos na semana passada.

Tentando mostrar que o governo está unido e empenhado em viabilizar as reformas, Temer organizou uma verdadeira força-tarefa para comparecer ao Fórum de Investimentos 2017, que acontece nesta terça e quarta-feira no hotel Grand Hyatt, na Zona Sul de São Paulo. Marcaram presença evento os presidentes do Senado e da Câmara, Eunício Oliveira (PMDB-CE) e Rodrigo Maia (PMDB-RJ); os ministros Aloysio Nunes (Relações Exteriores), Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), Moreira Franco (Secretaria da Presidência), Dyogo Oliveira (Planejamento), Henrique Meirelles (Fazenda), Ricardo Barros (Saúde), Mendonça Filho (Educação) e Raul Jungmann (Defesa); e o governador e prefeito de São Paulo, Geraldo Alckmin e João Doria.

O objetivo do discurso do presidente foi passar tranquilidade ao mercado financeiro, que vem reagindo mal diante da crise política deflagrada com a divulgação do conteúdo da delação premiada da JBS, no último dia 17 de maio. Desde então, a moeda e a bolsa brasileira vêm desvalorizando, enquanto Brasília discute a permanência ou não do presidente no cargo. Terminada a sua fala, Temer foi embora sem falar com a imprensa.

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Congresso

Alinhados com Temer, os presidentes da Câmara e do Senado buscaram demonstrar em suas falas que as alterações nas leis trabalhista e da aposentadoria irão passar com celeridade. Rodrigo Maia garantiu que a reforma da previdência será votada até o fim do primeiro semestre deste ano e que a agenda do Brasil não é a mesma do judiciário, principalmente a do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que na próxima semana decidirá se cassa ou não o mandato de Temer. Eunício Oliveira, por sua vez, anunciou que, se houver pedido de urgência, já colocará em votação no plenário a reforma trabalhista.

Em seu discurso, o presidente Temer fez questão de acenar ao Congresso, de cujo apoio depende a sua manutenção na Presidência. Ressaltou que o Legislativo não é um “apêndice, mas integrante do governo nacional” e que o trabalho dos dois poderes devem ser conjuntos.

Com palavras fortes e expressões do “juridiquês”, Temer pediu “data venia” (termo usado para apresentar opinião contrária) os opositores às reformas e os defensores de emendas à Constituição – fazendo provável alusão à proposta das “diretas já”, que foi mote de um grande protesto convocado por artistas e movimentos de esquerda no Rio de Janeiro, no último domingo. “As pessoas aqui não leem a Constituição brasileira. (Alguns dizem) precisamos de uma nova forma de Estado brasileiro. Não precisamos, não. Fizemos muito em pouco tempo. O nosso compromisso (com as reformas) é inquebrantável”, afirmou.

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