Relâmpago: Digital Completo a partir R$ 5,99

Sob pressão de Lula e do mercado, Haddad avança de meio-termo em meio-termo

Ministro impulsiona sua agenda equilibrando as conveniências políticas do presidente com as demandas de investidores e empresários por rigor fiscal

Por Daniel Pereira 30 nov 2024, 17h34

O cargo de ministro da Fazenda implica uma certa solidão. Enquanto os colegas de governo querem recursos para tocar obras e projetos, e os parlamentares pressionam por verbas para seus redutos eleitorais, o chefe da equipe econômica trabalha para controlar despesas e colocar as contas em ordem. Isso, claro, se for minimamente responsável.

À frente da Fazenda, Fernando Haddad se equilibra como pode entre interesses diversos. Aos trancos e barrancos, ele tem conseguido tirar do papel pontos de sua agenda fiscal — não da forma como gostaria o mercado, que demanda um corte consistente nas despesas, e também não da maneira defendida pelo PT, fiel seguidor da cartilha segundo a qual o gasto público tem de ser motor do crescimento.

Com o aval de Lula, Haddad se tornou um especialista em meios-termos, em acordos que, se não são irretocáveis tecnicamente, são os possíveis politicamente. O novo pacote é um exemplo disso. Não houve desvinculação entre salário mínimo e benefícios previdenciários, como queria o mercado, mas foi adotado um teto na política de valorização do mínimo, a menina dos olhos de Lula. 

O ministro também não conseguiu reduzir de forma expressiva benefícios tributários e isenções, mas incluiu no pacote um gatilho que, se aprovado, impedirá a criação ou prorrogação de incentivos a empresas caso as contas públicas fiquem no vermelho.

Bala de prata

Negociado durante quatro semanas, o pacote foi considerado tímido ou insuficiente por especialistas, diante do crescimento acelerado das despesas obrigatórias, que precisa ser contido sob pena de inviabilizar o funcionamento da máquina pública num futuro próximo. Na prática, o plano anunciado adia a solução do problema, dando um pouco de fôlego para Lula e Haddad sobreviverem, do ponto de vista fiscal, até 2026.

Continua após a publicidade

O ministro sabe disso, tanto que declarou que novas iniciativas podem ser apresentadas caso seja necessário. Não há bala de prata, afirmou, reforçando a sua estratégia de tentar equilibrar o caixa de forma gradual, até para não melindrar o presidente e o PT, que cobram dele respeito ao que chamam de programa econômico vitorioso nas urnas.

Sob pressão permanente, Haddad vai resistindo às suas sucessivas batalhas, dentro e fora do governo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.