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Sistema eleitoral não é de confiança de todos, diz Bolsonaro

Presidente da República voltou a fazer uma série de críticas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que vai trocar de comando no próximo dia 22

Por Rafael Moraes Moura Atualizado em 12 fev 2022, 14h47 - Publicado em 12 fev 2022, 14h45

O presidente Jair Bolsonaro reforçou neste sábado, 12, as críticas disparadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ao sistema eletrônico de votação, adotado no país desde 1996 – e sem nenhuma acusação comprovada de fraude até hoje. Em entrevista nesta manhã à rádio Tupi de Campos de Goytacazes (RJ), Bolsonaro disse que o sistema eleitoral “não é de confiança de todos nós ainda”. As declarações foram feitas ao programa “Fala Garotinho”, conduzido nesta manhã pelo ex-governador do Rio Anthony Garotinho.

“Não quero entrar em detalhes, mas temos um sistema eleitoral que não é de confiança de todos nós ainda”, disse Bolsonaro. “A máquina, tudo bem, a máquina não mente. Mas quem opera a máquina é um ser humano. Então existem ainda muitas dúvidas no tocante a isso e a gente espera que nos próximos dias a gente tire essa dúvida.”

De acordo com Bolsonaro, o governo vai participar das discussões envolvendo a preparação da próxima eleição, “da primeira à última fase, do código-fonte à sala secreta”. Em setembro do ano passado, em meio à escalada de tensão entre o Palácio do Planalto e o Judiciário, o TSE decidiu criar uma comissão para ampliar a fiscalização e transparência do processo eleitoral, que conta com integrantes de órgãos públicos e da sociedade civil — o general Heber Garcia Portella é o representante das Forças Armadas no grupo.

“As Forças Armadas foram convidadas (pelo TSE) e eu sou o chefe supremo das Forças Armadas. Então nós aceitamos e vamos participar da primeira à última fase, do código-fonte à sala secreta. E as Forças Armadas identificaram algumas dezenas de dúvidas, vamos assim dizer, sobre o sistema. Oficiaram o TSE, o prazo era 30 dias, o TSE nada respondeu e foi reiterado. Anteontem expirou o prazo, nada responderam também”, disse Bolsonaro. De acordo com o chefe do Executivo, “com toda a certeza”, o ministro da Defesa, Braga Netto, vai procurar o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, para tratar do assunto.

Na última sexta-feira, 11, o TSE informou que as perguntas feitas pelo representante das Forças Armadas são de “natureza técnica”, “com certo grau de complexidade”, “apenas pedidos de informações para compreender o funcionamento do sistema eletrônico de votação, sem qualquer comentário ou juízo de valor sobre segurança ou vulnerabilidades”. De acordo com o TSE, os esclarecimentos serão encaminhados nos próximos dias.

Em meio a uma campanha que promete ser marcada por forte polarização política, radicalização de discursos e ataques a instituições, o TSE vai ser palco de uma troca de comando em dose dupla que pode provocar ainda mais desgastes na já conturbada relação entre o tribunal e o Palácio do Planalto. No próximo dia 22, o atual presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, passa o bastão para Edson Fachin, que vai chefiar a Corte até meados de agosto. Depois, é a vez de Alexandre de Moraes – o novo “inimigo da vez” do atual ocupante do Planalto – presidir o TSE. Moraes foi peça-chave nas articulações nos bastidores para enterrar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que previa a adoção do voto impresso, uma das bandeiras de Bolsonaro.RelacionadasPolíticaAs duas pedras no sapato de Bolsonaro em 2022PolíticaComo será o cerco do TSE às redes sociais, alavanca eleitoral de BolsonaroPolíticaEx-general do governo Bolsonaro vai assumir direção-geral do TSE

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