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“Rodrigo Maia sai muito menor”, afirma ACM Neto

O presidente do DEM vem administrando a crise que deixou uma fissura em seu partido

Por Cássio Bruno, Ricardo Ferraz Atualizado em 12 fev 2021, 10h22 - Publicado em 12 fev 2021, 06h00

A eleição para a Presidência da Câmara dos Deputados pôs ACM Neto, o presidente do DEM, no centro de um duelo de alta tensão. Do outro lado do ringue estava seu colega de partido e amigo Rodrigo Maia, que, depois de não conseguir emplacar o deputado Baleia Rossi como seu sucessor no comando da Casa, disparou contra ACM, “um traidor”, e avisou que vai sair do DEM. Nos últimos dias, o neto do cacique baiano ACM (1927-2007), que lhe deu o nome e o ensinou sobre “vitórias e derrotas na política”, vem administrando a crise que deixou uma fissura em seu partido. Na entrevista a VEJA concedida aos repórteres Cássio Bruno e Ricardo Ferraz, o ex-deputado e ex-prefeito de Salvador, de 42 anos, fala sobre os bastidores da briga com Maia, da relação com o presidente Bolsonaro e de sua ambição: o governo da Bahia.

Rodrigo Maia diz que o senhor é um traidor sem caráter. Como recebeu o ataque vindo do amigo de vinte anos? Rodrigo está procurando culpados e desculpas para os erros que ele próprio cometeu. Com isso, sai muito menor do que quando assumiu a presidência da Câmara. Ele se apegou ao poder. Todos sabem que o candidato de Rodrigo Maia para lhe suceder era ele mesmo.

Quais foram seus erros? Rodrigo ficou esperando demais a decisão do Supremo sobre a possibilidade de sua reeleição e perdeu força na condução do processo. Agora, não é capaz de fazer uma autocrítica, de reconhecer sua parcela de culpa na derrota do Baleia Rossi. Faltou ouvir a bancada. Os deputados não queriam o Baleia.

Mas o senhor também defendeu o nome de Baleia, não? Defendi, mas nunca imaginei que Rodrigo chegaria no final da disputa com o apoio de apenas um terço dos deputados. Tentei reverter o quadro até o último minuto, mas dezesseis dos 31 parlamentares estavam com o Arthur Lira (o atual presidente da Câmara). Se não tivesse segurado alguns, seriam 21. Ainda convoquei a Executiva do partido com o seguinte discurso: “Não admito adesão ao bloco do Arthur. Vai ser um vexame para o Rodrigo”. A única saída possível era a neutralidade.

O senhor chegou a ter uma conversa franca com Maia sobre a situação? No domingo, véspera da eleição, desembarquei em Brasília e fui direto para a casa dele. Disse: “Não vai dar para garantir a maioria”. Aí ele falou que, se aquilo acontecesse, sairia do DEM. Infelizmente, Rodrigo não soube lidar com a derrota. Foi injusto e ingrato. Mas não vou guardar rancor.

O senhor se reuniu com Lira dias antes da eleição. Do que trataram? Não falamos da eleição. Tratamos do futuro do Brasil.

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Maia avisou que vai deixar o DEM e ainda pode levar com ele dezenas de deputados. O que está fazendo para evitar a debandada? Estou conversando com todo mundo no partido. Com o Mandetta (ex-ministro da Saúde), já marquei para depois do Carnaval. Para mim, o caminho para manter a legenda unida é espantar as conversas sobre a eleição presidencial de 2022. Tenho experiência suficiente para saber que essas crises acontecem. É efeito colateral de um partido que cresceu muito.

O governador de São Paulo, João Doria, contou que o senhor teria lhe confidenciado que o DEM não irá apoiar Bolsonaro em 2022. Já é decisão tomada? Na verdade, não. Deixei claro para o Doria que nada seria definido sobre 2022 agora.

Depois da eleição na Câmara, o senhor emitiu sinais invertidos sobre a relação de seu partido com o Planalto. Afinal, de que lado estão? Mesmo com a nomeação de ministros do DEM, o partido segue independente e não fará parte da base do governo. Só que isso não pode ser confundido com oposição. O que sempre digo para o presidente Bolsonaro é que jamais falarei com ele sobre qualquer indicação para cargo nenhum. E repito: me inclua fora do Centrão.

Como têm sido suas conversas com Bolsonaro? Falamos da agenda do Brasil. E, quando necessário, faço críticas. Na pandemia, por exemplo, houve muito mais erros do que acertos por parte do governo. Jamais concordei com a postura de negacionismo de Bolsonaro. Ela agravou a crise econômica e social do país.

Procede a informação de que convidou o presidente a se filiar ao DEM? Isso nunca foi mencionado nem sequer cogitado.

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Um de seus interlocutores é Luciano Huck. Ele vai concorrer à presidência? Não posso falar pelo Luciano. Ele não é político. É apresentador e tem um contrato com a TV. Percebo nele um inegável espírito público e um bom conhecimento da realidade brasileira.

Apesar de repetir que não quer falar de 2022, o senhor já chegou a dizer que pode apoiar de Bolsonaro a Ciro Gomes. Não é muita indefinição? Esse é um assunto para o segundo semestre deste ano. Por que precipitar o debate sem um cenário claro?

E a especulação de que o senhor sairia como vice numa chapa com Bolsonaro faz sentido? Isso sempre foi especulado com o intuito de desgastar o DEM. Meu projeto mais provável é mesmo o governo da Bahia.

Publicado em VEJA de 17 de fevereiro de 2021, edição nº 2725

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