Relatório da PF mostra que Rose Noronha, amiga íntima de Lula, viajou 13 vezes para o exterior na companhia dele
Nas investigações sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Polícia Federal rastreou todas as viagens internacionais do petista e mapeou quem costumava acompanhá-lo. Em um dos relatórios anexados ao processo, foram listadas as viagens feitas por Lula de março de 2007, quando ele ainda era presidente da República, até setembro de 2015. O acompanhante mais frequente de Lula em suas viagens pelo mundo é Ricardo Stuckert, até hoje fotógrafo oficial do petista. Das 183 vezes em que ele deixou o Brasil no período, Stuckert o acompanhou em 146. Outros nomes recorrentes são de integrantes do staff do ex-presidente – seguranças, assessores, ajudantes de ordens – nada mais natural. No rol de coincidências, porém, há outros dados que chamam atenção.
Fábio Luís, o Lulinha, também investigado na Operação Lava-Jato, viajou com o pai sete vezes. E Alexandrino Alencar, o ex-diretor da Odebrecht que chegou a ser preso por participação no esquema de pagamento de propinas a políticos, voou na companhia do ex-presidente quatro vezes. A ex-primeira-dama Marisa Letícia acompanhou o marido em 19 viagens. E Rosemary Noronha, amiga íntima de Lula e ex-chefe de gabinete do escritório da Presidência da República em São Paulo, integrou a comitiva de Lula 13 vezes no mesmo período.
Rose Noronha, como é conhecida a amiga de Lula, ganhou fama em outra investigação da Polícia Federal, a Operação Porto Seguro, deflagrada em novembro de 2012. Na operação, destinada a desarticular um grupo de lobistas que vendia facilidades no governo, a PF descobriu que Rose usava da proximidade com Lula para receber vantagens dos clientes da quadrilha. Investigada pelos crimes de formação de quadrilha, tráfico de influência e corrupção passiva, Rose foi denunciada pelo Ministério Público. Como VEJA revelou em 2013, ela também usava a intimidade com Lula para desfrutar de mordomias à custa dos cofres públicos.