Política

Quem é o deputado preso no Rio por ligação com CV

Parlamentar do MDB chegou à Alerj neste ano e está na mira da Justiça Federal

Por Ludmilla de Lima SEGUIR SEGUINDO , Lucas Mathias SEGUIR SEGUINDO Atualizado em 3 set 2025, 11h49 - Publicado em 3 set 2025, 09h19

TH Joias, que chegou a ser preso pela Polícia Civil, participa da sua primeira sessão na Alerj (Julia Passos/Alerj/.)

Alvo de operação da Polícia Federal no Rio na manhã desta quarta-feira, 3, o deputado estadual Tiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias, 35 anos, é acusado de tráfico internacional de drogas, corrupção, lavagem de dinheiro e fornecimento de armas ao Comando Vermelho. Ele foi preso em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, em ação que também conta com agentes do Ministério Público fluminense e da Polícia Civil.

A investigação aponta que TH Joias, como deputado, estaria usando seu mandato para beneficiar o crime organizado, agindo para intermediar a compra e venda de drogas e armas para o Complexo do Alemão, uma das mais importantes favelas controladas pelo CV, na Zona Norte do Rio. Empresas ligadas ao parlamentar eram usadas para lavagem de dinheiro da facção.

Filiado ao MDB, ele será expulso do partido, de acordo com nota oficial divulgada nesta quarta pela direção estadual. O partido alega “condutas incompatíveis para o exercício de função pública” e afirma que “TH Joias já não seguia as orientações do partido em votações na Alerj, e deve responder à Justiça por seus atos fora da Casa”.

Ao todo, foram 18 mandados de prisão e outros 22 de busca e apreensão, o que inclui o sequestro de bens que somam 40 milhões de reais. Além do parlamentar, também foram presos Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão, apontado como traficante, e Luiz Eduardo Cunha Gonçalves, o Dudu, assessor do parlamentar.

Novato na política, TH Joias ganhou fama e fortuna vendendo vistosas peças de ouro e diamantes para celebridades. Ele chegou à Alerj na condição de suplente do MDB, na vaga do deputado Otoni de Paula Pai, falecido em maio do ano passado. E já havia sido condenado a catorze anos, onze meses e 22 dias de prisão pela Justiça do Rio de Janeiro, em 2022. Entre 2017 e 2018, chegou a passar quase dez meses atrás das grades e só pôde assumir o cargo na Alerj em 2024 por força de um habeas corpus que lhe permite apelar da sentença em liberdade.

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Dentre os processos ao qual responde, o joalheiro é acusado de lavar dinheiro para as três facções criminosas mais atuantes do estado: Comando Vermelho (CV), Terceiro Comando Puro (TCP) e Amigo dos Amigos (ADA). Ele ainda responde pelos crimes de corrupção ativa e organização criminosa. TH Joias, no entanto, sempre afirmou ser inocente.

O deputado nasceu no Morro do Fubá, comunidade pobre da Zona Norte, onde o pai era presidente da associação de moradores e trabalhava com compra e venda de ouro. A entrada na política se deu ao se aproximar de Marcos Falcon, então presidente da Portela, que concorria a uma vaga como vereador e foi assassinado poucos dias antes da votação. No vácuo deixado pelo amigo, cresceu dando apoio a times de futebol e até a torneio de bola de gude e de pipa.

Com as joias, fez carreira vendendo para funkeiros, jogadores de futebol e artistas, do tipo das correntes de ouro e pedras preciosas, com pingentes que chegam a pesar mais de 3 quilos, exibidos no pescoço de gente do quilate de Neymar, Vini Jr., Adriano Imperador, Ludmilla e MC Poze do Rodo.