PP e Republicanos acenam para Lula, mas projetam Tarcísio em 2026
Enquanto deputados das duas legendas vislumbram ganhar ministérios, seus dirigentes trabalham para eleger um adversário do PT nas próximas eleições

Há menos de um ano, os partidos Progressistas e Republicanos apostavam todas as fichas na vitória de Jair Bolsonaro, compondo a coligação da chapa à reeleição. Agora, diante da derrota do ex-presidente e da sua inelegibilidade, as duas legendas juram que vão manter uma posição de independência diante do governo Lula, mas não impõem nenhuma resistência a que seus parlamentares mergulhem na gestão ocupando ministérios e cargos de peso.
O desenho é meticulosamente calculado. Enquanto o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, encontra uma forte resistência entre os evangélicos a apoiar Lula, Ciro Nogueira, dirigente do PP, vê a sua própria base política reticente a retomar uma aliança com o PT.
Além disso, os dois, desde já, trabalham em um projeto adversário a Lula ou ao PT em 2026. O nome de preferência do grupo é o do governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, filiado ao Republicanos. “Ele é o ‘plano A’”, diz Ciro Nogueira.
Apesar disso, tanto o Progressistas quanto o Republicanos têm um considerável grupo que quer embarcar de vez no governo Lula. E os dirigentes sabem, sobretudo, que com poder e verbas concedidos à base aliada, as suas próprias legendas vão colher dividendos com a adesão. Por isso, é melhor não impedi-la.
Os partidos miram principalmente o Ministério do Esporte e o do Desenvolvimento Social – este, Lula já avisou que não vai ceder.
Republicanos e Progressistas somam 90 deputados e espera-se que o embarque, tirando os bolsonaristas mais ferrenhos, signifique uma garantia de cerca de 70 votos pró-Planalto. O cálculo já chegou à mesa do presidente Lula.