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Por sobrevivência, Cidadania diz que pode fazer federação com Rede ou PV

Presidente do partido rejeita a tese de que legendas pequenas são 'de aluguel' e analisa discurso de Bolsonaro contra um suposto inimigo comunista

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 2 out 2021, 11h33

Por sobrevivência política, partidos nanicos e de médio porte começaram negociações para formar federações partidárias e, com isso, ter acesso a um naco maior de recursos públicos para as campanhas do próximo ano e conseguir superar, em 2022, o patamar mínimo de votos exigido pela chamada cláusula de barreira. O Cidadania, por exemplo, pretende retomar tratativas para se federalizar com a Rede ou com o Partido Verde (PV) e garantir mais estofo político para as campanhas.

As conversas ganharam corpo depois que o Congresso derrubou um veto do presidente Jair Bolsonaro que impedia as federações, mecanismo em que siglas com afinidades ideológicas permanecem unidas por quatro anos, sem perder suas identidades, para disputar uma eleição como se fossem um só partido. Na prática, a união ocasional facilita que nanicos, a reboque dos grandes, superem a cláusula de desempenho, que em 2022 estabelece que para ter vida política, cargos no Congresso e repasses da Justiça Eleitoral, as agremiações devem eleger, no mínimo, 11 deputados federais ou, alternativamente, atingir um patamar de 2% dos votos válidos na eleição para a Câmara.

O presidente do Cidadania, o ex-comunista Roberto Freire, disse a VEJA que, depois de ter negociado no passado recente uma possível fusão da legenda com o PSB, vê as federações como um caminho natural para 2022. A seguir, a entrevista do dirigente partidário sobre eleições. ele fala também sobre a paranoia do presidente Bolsonaro contra um suposto inimigo comunista.

O excesso de partidos pouco representativos levará muitas legendas à extinção. Qual é a alternativa? No passado, criar partidos políticos, igrejas ou sindicatos só tinha ganhos. Sindicato tinha imposto sindical, a igreja tinha dízimo e imunidade de templo e partidos tinham acesso a fundo partidário mesmo sem ter um voto. Isso virou quase um negócio. Hoje a cláusula de barreira já não incentiva a criação de novas legendas e exige representatividade. Naturalmente teremos um processo de redução de partidos.

A federação é a saída mais palpável sobre a sobrevida dos pequenos, inclusive para o Cidadania? A derrubada do veto da federação ajuda na transição para um número menor de partidos, porque haverá experiências em uma federação com uma certa permanência, de quatro anos, e disputando eleições municipais no meio. Estivemos próximos de uma fusão com a Rede e com o PSB em determinado momento. Hoje superamos a cláusula de desempenho, mas continuamos trabalhando para superá-la em 2022, que terá exigência maior. Com a federação estamos abertos e discutindo possibilidades. Se tiver interesse da parte do PV ou da Rede o partido está aberto para discutir uma federação.

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Cláusula de barreira e federação não são conceitos conflitantes em um país com tantos partidos pequenos de aluguel? Discordo frontalmente da tese de que partidos pequenos são de aluguel. Eles não alugam nada. Partido pequeno tem tempo de televisão? Não. De aluguel podemos ter até grandes partidos. O problema do pequeno partido é que ele é um negócio para ter acesso a fundo partidário. Funda-se um partido e tem acesso ao fundo. Não é necessariamente para ser alugado em campanha. É importante evitar que partidos sem nenhuma expressão política existam apenas porque dão renda aos fundadores ou dirigentes. A cláusula de desempenho resolve esse problema.

O Cidadania é o sucessor do Partido Comunista do Brasil, o PCB. O que acha do discurso de Bolsonaro contra um suposto inimigo comunista? O bolsonarismo usa uma narrativa de ter o comunismo como inimigo. Isso evidentemente é uma fantasmagoria. Não existe nenhuma realidade histórica para a volta do comunismo. O comunismo ao final foi derrotado pela própria história. Pode até haver saudosistas do comunismo, mas ninguém mais vai ficar imaginando que se vai estatizar a economia ou criar um sistema político de partido único.

Muitos dos que discordam do presidente são ‘acusados’ pelos seguidores dele de serem comunistas.  Discursar sobre os perigos da volta do comunismo funciona para se ter um inimigo, é um discurso de beócio. Não tem nada de lógico ou que atenda a uma realidade. O Brasil nunca teve um comunista na cadeira presidencial. O PT nunca foi comunista. O governo do PT não tem nada nem próximo de uma esquerda, não houve nenhuma mudança importante do ponto de vista da estrutura econômica.

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O senhor desistiu do comunismo? Eu sou ex-comunista porque não dá para ficar propondo comunismo depois da derrota histórica.

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