Políticos estimulam apoiadores a ‘pressionar’ Moro por candidatura em 2022
Ex-juiz da Lava-Jato deu prazo até outubro para informar ao Podemos se pretende concorrer à Presidência
Senadores e parlamentares do Podemos têm estimulado apoiadores a pressionar o ex-juiz Sergio Moro para que ele se lance candidato à Presidência. O ex-magistrado se deu um prazo até outubro para informar à cúpula partidária se aceita ou não concorrer em 2022, mas até lá a ordem é para que simpatizantes de Moro produzam outdoors, cartazes, adesivos e camisetas em prol da candidatura a fim de medir a aceitação do nome do ex-ministro de Jair Bolsonaro.
“Eu, como senador do Paraná, o Alvaro Dias e muitos outros senadores temos tentado muito falar com o Sergio Moro, pedir ao Sergio Moro que aceite ser candidato a presidente do Brasil. Até agora ele não disse não, mas também não disse sim. Todos que puderem fazer campanha para que o Moro seja candidato a hora de fazer é agora”, disse o senador Oriovisto Guimarães a um recém-criado grupo de apoio ao ex-juiz, formado por médicos. Simpatizantes do ex-juiz também trabalham para que políticos apoiem uma eventual candidatura de Moro. Recentemente, uma das autoridades procuradas foi a deputada estadual Janaína Paschoal, que às Páginas Amarelas de VEJA defendeu o nome do ex-magistrado como representante da terceira via.
Há poucas semanas, Sergio Moro se reuniu com parlamentares do Podemos, em Brasília, para discutir a eventual participação dele nas eleições do próximo ano. Na legenda, porém, a candidatura do ex-juiz está longe de ser unanimidade. Uma das principais ressalvas à entrada de Moro na corrida presidencial é a avaliação de que o lançamento do nome de um personagem que colocou políticos atrás das grades necessariamente provocará menos adesão partidária à candidatura. “Se é um nome mais neutro, é mais fácil de ter convergência. Um nome mais polêmico, como Moro, é mais difícil”, disse, sob reserva, um cacique do Podemos. Outro entrave seria a destinação de boa parte do caixa da sigla a uma candidatura presidencial não necessariamente competitiva em detrimento da construção de palanques estaduais e da eleição de deputados federais.
No entorno do ex-juiz da Lava-Jato também não há consenso sobre a candidatura. Um advogado amigo de Moro, por exemplo, sugeriu – em vão – que ele se filiasse a um partido político ainda em 2020 para sinalizar que estaria disposto a enfrentar Bolsonaro e o ex-presidente Lula na disputa pelo Palácio do Planalto. A esposa de Moro, Rosângela, ainda é considerada a fiel da balança na decisão de ele se lançar a um cargo eletivo. Antes entusiasta da ideia, Rosângela perdeu parte do ímpeto para a candidatura do marido, disseram a VEJA políticos do Podemos.