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PF: ‘Coordenação macro’ de Odebrecht permitiu propina

Mapeamento aponta que seis offshores do grupo movimentaram R$ 277,78 milhões entre 2006 e 2014; Marcelo Odebrecht segue preso em Curitiba

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 12 nov 2015, 12h28

Para oferecer subsídios ao juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, a Polícia Federal mapeou detalhadamente a movimentação financeira das diversas companhias que compõem o conglomerado do executivo Marcelo Odebrecht e concluiu que essas empresas movimentaram, entre 2006 e 2014, 277,78 milhões de reais. Os recursos passaram por pelo menos seis offshores utilizadas depois para abastecer o propinoduto desvendado pela Operação Lava Jato. Parte desse dinheiro foi utilizada para irrigar os cofres de ex-dirigentes da Petrobras, como os ex-diretores Paulo Roberto Costa e Renato Duque e o ex-gerente de Serviços da estatal Pedro Barusco, de acordo com os investigadores.

As suspeitas de que o Grupo Odebrecht pagava propina no esquema de fraudes em contratos da Petrobras não são novas, mas o uso de intrincados mecanismos de transferências internacionais sucessivas, típicos de esquemas de lavagem de dinheiro, reforça a percepção dos policiais de que apenas uma “coordenação em nível macro de gestão”, como ordens expressas do presidente da holding Marcelo Odebrecht, permitiria garantir o sucesso da sistemática de pagamento de dinheiro desviado a ex-diretores da Petrobras.

Os investigadores da Operação Lava Jato contabilizaram, até o momento, que apenas em relação à Odebrecht, teriam sido realizados pagamentos de propina de 2,7 milhões de dólares para o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, 63.684 euros ao ex-diretor da Área Internacional Jorge Zelada, 6,03 milhões de dólares ao ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e 7,65 milhões de dólares ao ex-gerente de Serviços da estatal Pedro Barusco.

Os policiais elencaram empresas que são apontadas como veículos da Odebrecht para os pagamentos indevidos, como a Arxo Industrial, a DF Patrimonial e companhias já indicadas pela Lava Jato como operadoras de lavagem de dinheiro, como a Jamp Engenheiros, do lobista Milton Pascowitch, a Legend Engenheiros, do empresário Adir Assad, e a Auguri Empreendimento e Assessoria Comercial, do delator Julio Camargo. E conclui: “Esse conjunto de operações revela uma espécie de prática contábil-administrativa voltada ao controle e supervisão dos atos que culminaram com o pagamento de comissionamento aos ex-funcionários da Petrobras, funcionários estes que teriam por função mitigar os controles internos da estatal de forma a possibilitar a aplicação indevida de margens de lucros excessivas em relação àquelas formalmente contratadas com o Grupo Odebrecht”.

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“Tais fatos reforçam a percepção de que somente com uma coordenação em nível macro de gestão (presidência da Holding e/ou Conselho de Administração) seria possível a realização sistemática dessas ações, oriundas das diversas e distintas fontes (contratos distintos, superintendentes distintos e líderes empresariais distintos) e em direção aos ex-funcionários da Petrobras”, afirma a PF em referência a Marcelo Odebrecht.

No dia 30 de outubro, em defesa escrita entregue ao juiz Sergio Moro, o empresário alegou que, como presidente da holding Odebrecht, “não se envolve na gestão de nenhuma área de negócio específica, já que cada empresa do grupo tem autonomia para gerir suas atividades”. Na peça, ele ainda negou ter pago ou mandado pagar propina em troca de benefícios em contratos com a Petrobras, disse que não movimenta contas bancárias ou faz operações financeiras em nome da Odebrecht e informou que nunca ouviu falar no Clube do Bilhão ou da participação de executivos da companhia no esquema de fraude em contratos da Petrobras. “Há mais de quinze anos não assino nem mesmo um cheque em nome das empresas da organização, tampouco ordeno ou controlo operações financeiras”. O executivo está preso desde junho em Curitiba.

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