Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Perto de ir para o União Brasil, Pablo Marçal já faz planos para 2026

Surpresa eleitoral de 2024 monta estrategia para disputar o governo paulista ou até a Presidência — isso se a Justiça permitir

Por Ramiro Brites Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 29 nov 2024, 06h00

Nas eleições deste ano em São Paulo, a cidade com mais eleitores no país, Pablo Marçal trouxe o discurso dos coaches para o palanque. Baseada na teologia da prosperidade das igrejas neopentecostais, a narrativa messiânica do candidato do PRTB foi da fé na “mentalidade vencedora” à inovação disruptiva pregada em startups e arrebanhou 1,7 milhão de votos (28% do total válido). Sem tempo de TV, usou as redes sociais e os debates como campo de batalha e levou desconforto à direita e à esquerda. De um lado, tomou votos de Ricardo Nunes (MDB), apoiado por Jair Bolsonaro, e deixou no ar o questionamento sobre se o bolsonarismo tem o monopólio da direita. Do outro, quase tirou Guilherme Boulos (PSOL), candidato de Lula, do segundo turno e levou a esquerda ao divã ao mostrar como o eleitorado de baixa e média renda e da periferia foi seduzido pelo discurso do empreendedorismo e da presença menor do Estado na vida deles. O fenômeno eleitoral de 2024 se movimenta agora pensando em um salto para daqui a dois anos, quando pode disputar o governo paulista ou, como ele diz sonhar, a Presidência da República.

O primeiro grande passo está perto de ser dado: buscar uma casa maior. A sua filiação ao União Brasil, terceira maior bancada na Câmara, está na mesa do presidente do partido, Antonio Rueda, desde abril. A negociação esfriou durante o período eleitoral e foi retomada nos últimos meses. “As conversas estão em aberto, falta aparar algumas arestas”, disse Marçal a VEJA, sem especificar quais. Ele afirma que, “por enquanto”, não considera procurar outra legenda. Integrantes do partido afirmam que a filiação só deverá ocorrer em 2025. Um desafio para o coach será explicar ao seu eleitorado como o candidato antissistema foi parar em uma das grandes legendas do establishment político, herdeira do DEM (que, por sua vez, era herdeiro do PFL e da Arena).

arte Marçal

A trajetória de embates de Marçal promete não acabar, porque a simples negociação de sua filiação já provoca desconforto no União. O partido já tem um candidato a presidente em 2026: o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que prepara até o lançamento de sua pré-candidatura após o Carnaval, em Salvador, ao lado do prefeito Bruno Reis, um dos campeões de voto na última eleição, e do vice-presidente da sigla, ACM Neto. Marçal faz média: afirma que Caiado é o primeiro da lista e que o respeita pela experiência. “Quando eu estava nascendo, ele já batia com essa questão do conservadorismo”, diz. Nos bastidores, porém, aliados de Marçal avaliam que as pesquisas de intenção de voto é que definirão o candidato ao Planalto e apostam na popularidade de Marçal. Já o entorno de Caiado acha que o coach está usando a negociação para valorizá-lo no “mercado partidário”.

É notório que a atual legenda de Marçal, o PRTB, foi um entrave na campanha. O partido não tem representação na Câmara dos Deputados e, portanto, não possui tempo de TV e fundo eleitoral. Pior, em meio à eleição, um áudio em que o presidente da legenda, Leonardo Avalanche, reivindica a autoria das articulações que levaram à soltura do traficante André do Rap, do PCC, causou estrago ao candidato. Apesar disso, Avalanche conta com Marçal para alavancar plano de expansão da sigla. Ele quer que o coach viaje pelo país para atrair influenciadores de internet e artistas à legenda, que passará por “revolução digital”. Segundo Avalanche, o interesse do União Brasil, repleto de caciques, é “o famoso canto da sereia” e que, ao fim, sobraria a Marçal uma vaga de deputado federal. “No PRTB, Marçal joga como o principal atacante. Não ficará no banco de reservas”, acredita.

Continua após a publicidade
OFERTA - Rueda: assédio por parte do cacique da terceira maior sigla da Câmara
OFERTA - Rueda: assédio por parte do cacique da terceira maior sigla da Câmara (Cristiano Mariz/Agência O Globo/.)

Em meio às negociações sobre o seu futuro partidário, Marçal retomou a atividade que o levou à notoriedade. Ele tem feito palestras e anunciado seu novo livro — Como Trabalhar Menos e Ganhar Mais. Nos eventos, aproveita para abordar o fim da jornada de seis dias de trabalho por semana, em voga no Congresso. O discurso voltado a “configurações mentais” cada vez mais se aproxima da política. Junto do coordenador da sua campanha, Filipe Sabará, ele está prestes a lançar um curso baseado na sua candidatura. “É um case de sucesso pelos votos. Um crescimento assombroso”, afirma o terceiro colocado no pleito paulistano.

O tom agressivo que adotou na campanha lhe rendeu processos, principalmente na Justiça Eleitoral, onde enfrenta três casos. O imbróglio mais próximo de ter sentença envolve uma denúncia do Ministério Público e do PSB por abuso de poder econômico ao pagar apoiadores para produzir e divulgar cortes de vídeos nas redes — o processo está pronto para decisão. Os outros dois são referentes a uma suspeita de lavagem de dinheiro na eleição de 2022 e à apresentação de um laudo falso de uso de drogas contra Boulos, às vésperas do primeiro turno. “Isso está na fase de inquérito e a chance de inelegibilidade é muito remota”, diz o advogado de Marçal, Paulo Hamilton Siqueira Junior, referindo-se ao atestado fajuto. Embora faça parte do papel da defesa mostrar-­se otimista, não há como negar: antes de sonhar com voos mais altos, o coach tem um encontro marcado com os tribunais.

Publicado em VEJA de 29 de novembro de 2024, edição nº 2921

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.