Avatar do usuário logado
Usuário
OLÁ, Usuário
Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Prorrogamos a Black: VEJA por apenas 5,99

Patota de caciques

Para dirigentes partidários, o controle do feudo está acima de tudo

Por Dora Kramer 18 out 2019, 06h00 • Atualizado em 4 jun 2024, 15h24
  • De fato, a briga entre Jair Bolsonaro e Luciano Bivar é por causa da dinheirama a que terá direito o PSL a partir do ano que vem. Da parte do presidente e família, porém, não é só isso. Trata-se do controle do mais vantajoso dos cartórios em que se transformaram os partidos políticos no Brasil, com raras e pontuais exceções.

    Bivar alugou, mas não transferiu a propriedade da legenda para Bolsonaro & Filhos, e aí reside o x de uma velha questão na qual, no entanto, ainda não tínhamos visto um presidente da República se envolver tão aberta e displicentemente. Essa é a única novidade nesse caso, que reúne os ingredientes da lamentável história recente dos partidos: domínio de caciques, inchaço artificial proporcionado pela conquista do poder, trato obscuro do dinheiro público, serventia como cabides de empregos, zero debate político-doutrinário.

    É o que se vê em agremiações com cheiro, cara e jeito de balcão para compra e venda de interesses privativos de seus donos e respectivos donatários. É o que Jair Bolsonaro está cansado de ver em sua vida política, pois já passou por oito delas, ocupa a nona e se prepara para integrar a décima.

    Com a diferença de que agora é presidente e se crê merecedor de ter a sua, na qual possa ser ele o mandatário supremo. Já mostrou sinal disso durante a campanha nas exigências negadas por vários partidos antes de dar com os costados no PSL, mediante tratativas substantivas com o esperto negociante Luciano Bivar, e voltou ao assunto logo no início do governo, em fevereiro, quando os filhos andaram acenando a um partido ainda em fase de criação com a legenda da velha UDN.

    Bolsonaro está mesmo é atrás de um partido no qual tenha controle total

    Continua após a publicidade

    A briga se estendeu pelo terreno da Justiça, teve a participação da Polícia Federal e ganha novos personagens no Congresso com a entrada em cena de integrantes do chamado Centrão já preocupados com essa história de contestação do poder e com a possibilidade de afastamento da atual direção do PSL. Querem criar umas regrinhas para dificultar isso. É a patota dos caciques se movimentando em causa própria.

    O lobby desse pessoal atuará em favor da manutenção de Bivar. Não por amor, mas por interesse. Aberto um flanco desse tamanho amanhã ou depois, estariam os demais morubixabas partidários submetidos ao mesmo risco. Donde gente experiente no ramo aposta que Bolsonaro perde a parada e Bivar fica com a maioria dos 53 deputados e com a gorda verba destinada ao PSL em 2020: 359,1 milhões de reais resultantes da soma dos 113,9 milhões do fundo partidário e dos 245,2 milhões do fundo eleitoral.

    Outra desvantagem de Jair Bolsonaro nesse embate é o potencial desgaste das negociações com um novo partido agora que está sentado numa cadeira sobre a qual reluz o maior refletor do país. Uma coisa é negociar nos bastidores ainda como obscuro deputado, outra é fazer isso no Palácio do Planalto sob a estreita vigilância da nação.

    Continua após a publicidade

    O presidente dá a entender que briga por moralidade no trato de verbas públicas, mas não pronuncia palavra em prol de mudanças que retirem o caráter cartorial dos feudos a que de maneira imprópria damos o nome de partidos de representação política.

    Publicado em VEJA de 23 de outubro de 2019, edição nº 2657

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    PRORROGAMOS BLACK FRIDAY

    Digital Completo

    A notícia em tempo real na palma da sua mão!
    Chega de esperar! Informação quente, direto da fonte, onde você estiver.
    De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 1,99/mês
    PRORROGAMOS BLACK FRIDAY

    Revista em Casa + Digital Completo

    Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 7,50)
    De: R$ 55,90/mês
    A partir de R$ 29,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.