Os parlamentares que querem convocar Frei Chico ao Congresso
Irmão de Lula é vice-presidente de sindicato acusado de fazer descontos ilegais nas aposentadorias

A CPMI do INSS recebeu até o momento seis requerimentos pedindo a convocação do irmão do presidente Lula para prestar esclarecimentos na comissão instalada com o objetivo de investigar a farra de descontos ilegais realizados por entidades associativas nas aposentadorias. A Polícia Federal calcula que o esquema desviou cerca de 4 bilhões de reais e afetou mais de 1,6 milhão de idosos.
Conhecido como Frei Chico, José Ferreira da Silva é vice-presidente do Sindicato Nacional de Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), uma das instituições acusadas de fazer os tais descontos. As investigações apontam que, entre 2019 e 2024, o sindicato arrecadou 259 milhões de reais a partir de cobranças irregulares e é uma das entidades que mais faturou no período.
Os requerimentos que visam a convocação do irmão do presidente foram assinados por parlamentares de oposição, como os senadores Izalci Lucas (PL-DF), Rogério Marinho (PL-RN) e Marcos Rogério (PL-RO); e os deputados delegado Fábio Costa (PP-AL) e Bia Kicis (PL-DF), além do próprio relator, Alfredo Gaspar (União-AL).
Frei Chico também é alvo de outros dois requerimentos, nos quais parlamentares solicitaram a quebra de sigilo bancário do sindicalista e pedem documentos sobre sua movimentação financeira.
No início da semana, governistas que fazem parte da CPMI se articularam para tentar impedir que Frei Chico seja convocado a prestar esclarecimentos. Os aliados de Lula querem evitar que isso seja explorado pela oposição como forma de desgastar o presidente.
No dia da votação do plano de trabalho, os parlamentares fizeram um acordo para listar as primeiras oitivas da comissão e decidiram que apenas os presidentes de associações seriam chamados a depor – e não vice-presidentes, como o caso de Frei Chico.
A cúpula da CPMI, no entanto, não descarta a possibilidade de chamar o irmão do presidente Lula no futuro. “Tenho a obrigação de seguir um rito procedimental de investigação. Tudo terá sem tempo”, diz o relator.
O presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), rebateu as insinuações de que haveria um pacto para preservar o governo. “Não existe acordo, nem proteção a ninguém. Todos serão investigados com seriedade e responsabilidade. Meu compromisso é com a verdade, doa a quem doer”, garantiu.