Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Oposição tenta usar inquérito no STF para cassar chapa Bolsonaro-Mourão

Por enquanto, não há nada concreto que ameace o mandato do presidente, mas ele agora está com um olho no STF e outro no TSE

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 14h16 - Publicado em 12 jun 2020, 06h00

Quase dois anos após triunfar nas urnas, Jair Bolsonaro volta a ser assombrado por um fantasma da eleição: a suspeita de ter se beneficiado do disparo em massa de mensagens por WhatsApp financiado por empresários com o seu conhecimento, o que configuraria abuso de poder econômico, caixa dois e uso indevido de meios de comunicação digitais. Com base na acusação, quatro pedidos de cassação chegaram à época ao Tribunal Superior Eleitoral. O assunto já caía no esquecimento quando foi “ressuscitado” pelo inquérito do Supremo Tribunal Federal que apura fake news e ameaças contra a Corte e que acabou desembocando na busca e apreensão de computadores e celulares de pessoas ligadas ao bolsonarismo. Na relação de quebra dos sigilos bancário e fiscal de suspeitos de financiar o esquema figura o nome de Luciano Hang, dono da Havan, o mesmo sobre o qual paira a suspeita de apoiar os disparos de WhatsApp na época das eleições (algo que ele sempre negou). A decisão do ministro Alexandre de Moraes, que retroage a julho daquele ano e engloba, portanto, todo o período da corrida presidencial, acendeu o sinal de alerta no primeiro escalão do bolsonarismo.

arte-TSE

Além de obter mais estabilidade na aprovação de projetos do governo, o presidente já havia recorrido ao Centrão imaginando, com boa dose de razão, que, trocando votos por cargos, ficaria protegido dos mais de trinta pedidos de impeachment que estão na Câmara e das consequências de outro inquérito do STF, o que apura interferência na Polícia Federal. Mas viu abrir outro flanco de preocupação no TSE. No total, tramitam na Corte oito ações de cassação, mas quatro têm baixo potencial incendiário: uma trata de uso ilegal de outdoors, duas de invasão hacker a uma página antibolsonarista no Facebook e outra, já negada e em fase de recurso, alega que a cobertura da RecordTV e do portal R7 ajudou Bolsonaro. As outras quatro, porém, podem ser impactadas pela investigação no Supremo. O PT de Fernando Haddad autor de duas ações, já pediu que os dados sejam compartilhados, o que ajudaria as outras duas, propostas pelo PDT de Ciro Gomes. A Procuradoria-Geral Eleitoral, que via as ações como limitadas em termos de provas, manifestou-se a favor do uso de dados colhidos no STF. Bolsonaro é contra. Lembrou o julgamento da chapa Dilma-­Temer, em 2017 — quando informações da Lava-Jato foram descartadas por 4 votos a 3 —, para alegar que não podem ser usados em ações eleitorais elementos que fujam ao objeto delas. O vice-­procurador-geral eleitoral, Renato Brill de Góes, discorda. Para ele, as diligências contra Hang podem “demonstrar a origem do financiamento das práticas abusivas e ilegais imputadas à campanha”.

Protesters Against Bolsonaro and His Supporters Stand in Front of the Tribunal Superior Eleitoral Amidst the Coronavirus (COVID – 19) Pandemic
EM ALERTA - Recado: bolsonaristas protestam durante sessão na terça 9 (Andressa Anholete/Getty Images)

Por ora, caberá ao relator, Og Fernandes, decidir a questão, mas ele deixa a Corte em agosto e será sucedido no posto por Luís Felipe Salomão. “Isso mudaria tudo, porque é o relator quem decide sozinho quais provas vai usar”, diz a advogada Marilda Silveira, especialista em direito eleitoral. Juristas afirmam que uma cassação dependeria de mostrar que as ilegalidades macularam a disputa eleitoral. “Não pode ser algo insignificante e sem potencial para comprometer a legitimidade da eleição, como uma contratação irre­gular de 30 000 reais, por exemplo”, diz um ex-ministro do TSE. Outro problema, apontam os especialistas, é provar que Bolsonaro teve participação direta no esquema de financiamento de fake news por WhatsApp. “Isso não é responsabilidade dele, que não tem como controlar os seus 57 milhões de eleitores”, afirma a advogada Karina Kufa, defensora do presidente. Segundo ela, Hang garantiu não ter gasto dinheiro com “conteúdo patrocinado” na campanha. Por precaução, o governo se movimenta. Ex-assessor do presidente do STF, Dias Toffoli, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, procurou Alexandre de Moraes para colocar panos quentes na relação com Bolsonaro. Moraes, além de comandar o inquérito no STF, tornou-se no dia 2 um dos sete ministros do TSE — Bolsonaro acompanhou a posse e teve uma conversa reservada com o magistrado. No último dia 4, o ministro da Secretaria do Governo, Luiz Eduardo Ramos, reuniu-se com Rosa Weber, que presidia a Corte eleitoral até maio. Para os ministros, o julgamento das ações deve ocorrer ainda em 2020. Por enquanto, não há nada concreto que ameace o mandato do presidente, mas ele agora está com um olho no STF e outro no TSE.

ASSINE VEJA

Os desafios dos estados que começam a flexibilizar a quarentena
Os desafios dos estados que começam a flexibilizar a quarentena O início da reabertura em grandes cidades brasileiras, os embates dentro do Centrão e a corrida pela vacina contra o coronavírus. Leia nesta edição. ()
Clique e Assine

Publicado em VEJA de 17 de junho de 2020, edição nº 2691

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.