Olavo de Carvalho prega união do povo com Forças Armadas e internet reage
Internautas associaram a afirmação a uma incitação de um possível golpe militar no país; AI-5 entrou na lista de assuntos mais comentados do Twitter
O guru ideológico do governo de Jair Bolsonaro (PSL), Olavo de Carvalho, declarou, na madrugada desta quarta-feira, 16, que o Brasil só tem uma salvação: “a união indissolúvel do povo, presidente e Forças Armadas”. Internautas associaram a afirmação a uma incitação a um possível golpe militar no país e criticaram a postura do escritor — e também do presidente, que já assumiu posturas favoráveis ao regime de 1964.
Um dos principais líderes olavistas nas redes sociais, Allan dos Santos, fez uma publicação na terça, 15, afirmando que “o povo” quer um “novo AI-5” (Ato Institucional 5) e “ai de Bolsonaro caso tente parar o povo”. O ato em questão foi o mais duro de todos, instituído durante a ditadura militar em dezembro de 1968, que resultou na institucionalização da tortura pelo estado brasileiro:
Na manhã desta quarta, “AI-5” entrou nos assuntos mais comentados no Twitter brasileiro e as principais postagens eram de críticas de políticos às afirmações. “Toda vez que Bolsonaro se vê numa crise, a saída apontada é mais autoritarismo. Olavo de Carvalho conclama ditadura e milicianos já pedem novo AI-5. Precisamos reagir à altura”, declarou a deputada federal Erika Kokay (PT-DF).
O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) afirmou que a defesa da ditadura e do golpe “são crimes contra o Brasil” que Bolsonaro teria que defender. “O governo está desmoronando graças à própria incompetência. E o que fazem os bolsonaristas? Atacam a democracia, defendem novo AI-5 e sonham com tempos de censura, assassinatos e torturas”, disse o parlamentar.
Internautas fora da esfera política demonstraram indignação sobre o apoio ao AI-5 — entre as publicações, usuários citavam aulas de história e ignorância por parte dos apoiadores da ditadura militar. “Por favor, se você tá solicitando o AI-5, tá na hora de voltar para o ensino fundamental e estudar novamente”, ironizou Ian Prates pelo Twitter.