Odebrecht depõe por 4 horas em ação que pode cassar Michel Temer
Delator da Operação Lava-Jato, o empresário inaugurou uma nova rodada de depoimentos que vão embasar o processo de cassação da chapa Dilma-Temer
O empreiteiro Marcelo Odebrecht, preso na Operação Lava-Jato, depôs nesta quarta-feira por quatro horas ao ministro Herman Benjamin, relator do processo que pode levar à cassação do presidente Michel Temer em uma ação que tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Odebrecht respondeu a todas as perguntas que foram feitas a ele. Por volta das 19 horas, Benjamin deu o depoimento por encerrado. O teor das respostas do empreiteiro permanece sob sigilo.
As revelações do empreiteiro servirão de embasamento para o processo em que a chapa formada pela petista Dilma Rousseff e pelo peemedebista Michel Temer é acusada de abuso de poder econômico e político nas eleições de 2014. Mesmo com o processo de impeachment de Dilma em 2016, a ação de investigação judicial eleitoral segue tramitando no TSE. Entre as possibilidades de desfecho está a decretação da perda do mandato de Temer e a declaração de inelegibilidade da ex-presidente.
As oitivas de Marcelo e dos executivos Alexandrino Alencar, amigo do ex-presidente Lula e ex-diretor de Relações Institucionais, do ex-presidente da Odebrecht Benedicto Barbosa da Silva Junior, responsável pela ponte entre a empreiteira e políticos, e de Fernando Reis, ex-presidente da Odebrecht Ambiental, e de Cláudio Melo Filho, cuja delação detalhou como políticos das mais diversas matizes eram financiados pela empreiteira, foram autorizadas pelo ministro Edson Fachin, relator dos processos da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), após parecer favorável do procurador-geral da República Rodrigo Janot. Os depoimentos dos ex-executivos da Odebrecht subordinados a Marcelo ocorrerão a partir desta quinta-feira.
Preso desde junho de 2015 em Curitiba, Odebrecht se tornou delator do petrolão após a avalanche de provas recolhidas contra o conglomerado do qual é herdeiro. Nos depoimentos, Marcelo e os demais ex-executivos do grupo são questionados sobre o modus operandi do conglomerado no financiamento da chapa formada por Dilma Rousseff e Michel Temer nas eleições de 2014.