O verdadeiro alvo da nova ofensiva econômica de Lula
Colunistas avaliam que o Planalto busca desviar o foco da segurança pública e capitalizar eleitoralmente uma medida de apelo popular
O governo Lula tenta mudar o eixo do debate público. Após uma semana em que a segurança pública dominou o noticiário por causa da megaoperação no Rio de Janeiro, o Planalto voltou a investir em uma pauta de efeito direto no bolso dos brasileiros: a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais. A proposta, uma promessa de campanha de Lula, foi aprovada no Congresso e começa a valer em janeiro de 2026, ano eleitoral.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem feito questão de dar um tom de comemoração à medida. Em vídeo divulgado nas redes sociais, ele celebrou o que chamou de “gesto simbólico” do governo e afirmou que a mudança tributária vai “ampliar o mercado de consumo e gerar uma roda virtuosa de empregos”.
“Todo mundo vai ganhar com esse projeto. Uma sociedade mais justa é aquela que distribui melhor as oportunidades”, disse Haddad.
Bonin: “O governo quer explorar politicamente a medida”
Para o colunista Robson Bonin, no programa Os Três Poderes, o governo enxerga na isenção um trunfo eleitoral e tenta explorar o tema para sair da defensiva.
“Vai ser uma medida sentida justamente em 2026, ano da eleição. O governo está desesperado para explorar politicamente isso”, afirmou.
Segundo Bonin, o discurso de Haddad ainda soa ensaiado e populista, com mais apelo de palanque do que de planejamento econômico.
“Ele fala ‘parabéns, trabalhador’, mas é o mesmo governo que cobra muitos impostos e gasta mal. O problema é que o país não está criando estrutura para crescer por conta própria. É um populismo de curto prazo”, analisou.
Disputa pela paternidade da medida
Bonin destacou ainda que o governo não tem o monopólio político da pauta. A proposta foi aprovada com apoio de diversos partidos, inclusive da oposição, que tenta reivindicar sua origem.
“Se você conversar com alguém da oposição, vão dizer que a isenção era uma ideia do Bolsonaro, não do Lula. Então o Planalto quer se antecipar e carimbar essa vitória como sua”, disse o colunista.
O analista lembrou que a narrativa da “justiça social” usada por Haddad é típica de um governo que tenta recuperar popularidade. “O discurso deixou de ser técnico para virar eleitoral. O ministro fala como um candidato”, observou.
José Benedito: “Medida justa, mas sem base estrutural”
O colunista José Benedito da Silva avaliou que, embora o reajuste da faixa de isenção tenha efeito social positivo, a proposta não resolve os desequilíbrios fiscais nem estimula o crescimento de longo prazo.
“É justo aliviar quem ganha menos, mas o problema é que o governo segue gastando muito e não mostra um plano de ajuste consistente. Isso abre espaço para uma crise fiscal lá na frente”, afirmou.
Segundo ele, o Planalto tenta compensar a fragilidade no tema da segurança pública com uma agenda econômica de apelo direto. “É uma tentativa de desviar o foco. O problema é que o discurso do otimismo não apaga os riscos fiscais e a desconfiança do mercado”, concluiu.
Enquanto o governo celebra a “vitória do trabalhador”, analistas veem uma estratégia clara: mudar o assunto e preparar terreno para 2026. A dúvida é se, até lá, a roda virtuosa prometida por Haddad vai girar — ou travar no peso das contas públicas.
Flamengo x Santos no Brasileirão: onde assistir, horário e escalações
Mirassol x Palmeiras no Brasileirão: onde assistir, horário e escalações
A visita ‘para inglês ver’ do príncipe William ao Rio
Assombração? Plenário do Senado tem dois senadores feridos em questão de horas
Criadores de ‘Stranger Things’ quebram silêncio sobre denúncia contra David Harbour







