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O real significado do encontro entre Cláudio Castro e Alexandre de Moraes

Colunista analisa o impacto da ADPF das Favelas e diz que o STF tenta reparar os efeitos da própria interferência

Por Robson Bonin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Marcela Rahal Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 nov 2025, 14h01 - Publicado em 4 nov 2025, 14h00

A reunião entre o governador Cláudio Castro e o ministro Alexandre de Moraes, relator da ADPF das Favelas, marcou mais um capítulo na disputa entre o Executivo fluminense e o Supremo Tribunal Federal pela condução da política de segurança no Rio de Janeiro. O encontro, realizado no Centro Integrado de Comando e Controle, ocorreu uma semana após a megaoperação nas comunidades da Penha e do Alemão — a mais letal da história do país, com 121 mortos.

Em comentário no programa Ponto de Vista, o colunista de VEJA, Robson Bonin, analisou o gesto de aproximação entre o governador e o ministro e foi categórico:

“O Supremo está tentando retomar o controle da narrativa da segurança pública depois de ver as consequências da própria decisão. A ADPF das Favelas criou um oásis para o crime no Rio de Janeiro.”

O efeito Faquim e o “oásis” das facções

A ADPF 635, proposta por entidades de direitos humanos e acolhida em 2020 pelo então ministro Edson Fachin, restringiu operações policiais em comunidades do Rio durante a pandemia. A decisão, mantida parcialmente nos anos seguintes, exigia planejamento prévio, comunicação ao Ministério Público e justificativas detalhadas para incursões armadas.

Segundo Bonin, as intenções eram legítimas — mas o resultado mostrou-se desastroso.

“O ministro Fachin queria impedir ações feitas de qualquer jeito, sem planejamento ou respeito à vida dos moradores. Mas, na prática, o que aconteceu foi o contrário: os morros se tornaram zonas de segurança para criminosos de todo o país. O recado era claro — onde a polícia não entra, o crime cresce”, afirmou o colunista.

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A operação da última semana, coordenada pela Polícia Militar e Civil do Rio, teria mostrado, segundo Bonin, as consequências diretas dessa limitação judicial: criminosos de outros estados, inclusive do Pará, estariam refugiados nas comunidades cariocas, recebendo treinamento do Comando Vermelho.

“Era um curso de guerrilha urbana financiado por facções. Eles usavam o Rio como base para se rearmar e exportar o terror para outros estados”, relatou.

Supremo tenta “recuperar protagonismo”

O encontro entre Moraes e Castro teve um duplo objetivo: discutir tecnicamente a operação e mostrar que o Supremo não está alheio ao drama da segurança pública. Para Bonin, há também um componente simbólico e político.

“Alexandre de Moraes quis ver de perto o que aconteceu. É um gesto de protagonismo — o STF quer mostrar que não está só julgando golpistas em Brasília, mas que também olha para a vida real, para o problema que assusta o brasileiro comum”, avaliou.

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Mas o jornalista fez uma ressalva: “Se cada ministro resolver fazer visita de campo em todos os casos que relata, o Supremo para. Há um componente de holofote nesse gesto. O tema está no centro do debate público, e o ministro sabe disso.”

Rio vira vitrine da falência do modelo

Para Bonin, a megaoperação — e a subsequente reunião entre Castro e Moraes — exibem o colapso de uma política de segurança pública judicializada.

“O Supremo tentou impor um modelo de segurança pública sem conhecer o terreno. O resultado foi uma vitrine para o crime. Agora, depois da tragédia, tenta corrigir o rumo e recuperar o protagonismo”, criticou.

Ele lembrou que o papel do STF é garantir o cumprimento das leis, não definir políticas públicas de segurança, que são atribuição do Executivo.

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“Quando o Judiciário decide onde e como a polícia pode atuar, ultrapassa a fronteira da separação dos Poderes. E o preço é pago pela população, que vive sob o domínio das facções”, afirmou.

Uma disputa de narrativas — e de poder

O colunista também destacou que a reunião teve uma dimensão política: o STF busca se reposicionar em um tema que mobiliza o eleitorado e desgasta o governo federal.

“A Corte foi muito criticada pela direita por ter limitado as operações nas favelas. Agora tenta se reconectar com o senso comum da população, que quer ver o Estado reagindo. É uma tentativa de mostrar que o Supremo não é leniente com o crime”, analisou Bonin.

O encontro entre Moraes e Castro simboliza mais do que uma visita técnica — é um ato político em meio a uma crise de autoridade. Para Bonin, a operação no Rio e a reação do STF revelam um país em que o Judiciário, o Executivo e as forças de segurança disputam espaço em um terreno que já foi tomado pelo crime.

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