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O que preocupa os jovens – e o recado que eles pretendem dar nas urnas

Economia é, de longe, a maior preocupação entre os eleitores de 16 a 19 anos. Corrupção aparece bem depois, em segundo lugar

Por Rafael Moraes Moura, Letícia Casado 15 abr 2022, 10h30

Os jovens brasileiros estão, de uma forma geral, mais pessimistas com o futuro do país, acham que o presidente Jair Bolsonaro (PL) não merece ser reeleito e preferem a candidatura do ex-presidente Lula (PT) – que subiu a rampa do Palácio do Planalto em 2003, quando muitos deles nem haviam nascido –, apontam analistas políticos ouvidos por VEJA. Existem hoje cerca de 6 milhões de brasileiros entre 16 e 17 anos de idade que podem comparecer às urnas em 2022. Se considerada a faixa que vai até os 24 anos, esse contingente pode alcançar o patamar de 29 milhões de votos. É um universo bem expressivo de corações e mentes em jogo, uma fatia do eleitorado que pode fazer a diferença em uma campanha que promete ser acirrada e marcada pela forte polarização política.

Segundo dados da última pesquisa Quaest tabulados a pedido de VEJA, a maior preocupação dos jovens na faixa etária entre 16 e 19 anos é, de longe, a economia (52%). A corrupção aparece bem depois, em segundo lugar (12%). A angústia está ancorada na amarga realidade do dia a dia: desde 2016, a taxa de desemprego entre pessoas de 18 e 24 anos é superior a 20%, o que significa que ao menos dois em cada 10 pessoas nessa faixa etária até procuram, mas não conseguem uma vaga de trabalho. Se na população brasileira, o desemprego é de 11,2%, entre os jovens a taxa alcança a marca de 22,8% — mais que o dobro da média geral. 

A pesquisa da Quaest também mediu as chances de o eleitor comparecer efetivamente às urnas e escolher um candidato a presidente — o índice mais baixo foi registrado justamente entre os jovens de 16 a 19 anos, com apenas 70% dos entrevistados nessa faixa etária garantindo que vão votar em um candidato. Entre os eleitores com 45 anos ou mais, o percentual chega a 85%. “A alienação eleitoral dos jovens pode favorecer Bolsonaro”, aponta o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest. “Como eles estão mais preocupados com o futuro, estão atentos à economia. O que sugere que eles tenderiam a punir mais o governo na eleição.”

Os jovens de 16 a 24 anos se informam sobre política principalmente a partir de redes sociais, TV, sites, blogs e portais de notícias. Não à toa, os presidenciáveis João Doria (PSDB) e Simone Tebet (MDB) criaram recentemente perfis no TikTok, um aplicativo de compartilhamento de vídeos curtos. “Não acho que ser bom de TikTok aumente chance eleitoral de alguém (para cargo no Executivo), especialmente entre o eleitorado jovem. Os jovens não são bobos e têm noção do ridículo”, analisa o cientista político Sérgio Praça, da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Em março, o TSE lançou uma campanha para os jovens de 16 a 18 anos tirarem o título de eleitor até 4 de maio — entusiastas de teorias conspiratórias e coleção de inimigos imaginários, bolsonaristas enxergaram na campanha institucional da Corte um movimento contra a reeleição do presidente.  A estratégia deu resultado. De acordo com o tribunal, mais de um milhão de pessoas que terão essa faixa etária em outubro já pediram o título de eleitor, sendo 445.553 apenas no mês passado. 

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