O peso de Arthur Lira na especulada reforma ministerial
Auxiliares do presidente reconhecem a influência política do deputado, mas apontam entraves para que ele seja convidado para o ministério
Passada a eleição municipal, conselheiros e aliados de Lula retomaram a pressão por uma reforma ministerial. Diante da derrota da esquerda e do fortalecimento do Centrão nas urnas, além da queda de popularidade do governo em pesquisas recentes, eles alegam que o presidente precisa dar um freio de arrumação na equipe e aproveitar as eventuais mudanças na Esplanada para fortalecer a base de apoio no Congresso e, principalmente, tentar amarrar uma série de partidos a seu projeto de reeleição.
Há uma avaliação, por exemplo, de que Lula tem de estreitar laços com PSD, União Brasil e Republicanos, que controlam ministérios, mas não têm compromisso com o petista para 2026. Há quem defenda também mais espaço para o PP, cujos quadros principais — o senador Ciro Nogueira (PI) e o deputado Arthur Lira (AL), presidente da Câmara — apoiaram a fracassada campanha de Jair Bolsonaro em 2022.
Auxiliares de Lula não garantem que a reforma será realizada, mas afirmam que ela é provável. Eles acrescentam que, se for realizada, levará em consideração, entre outros, o peso político de Arthur Lira.
Primeiro-ministro
Parlamentar mais poderoso do país, Lira é um dos líderes do Centrão e costurou o acordo suprapartidário que transformou em barbada a eleição do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) para sucedê-lo no comando da Câmara, a partir de fevereiro de 2025. Petistas da velha-guarda, como João Paulo Cunha, defendem que o alagoano seja convidado para assumir um ministério. O governo, assim, teria uma senhora ajuda para aumentar sua influência entre os deputados.
O problema é qual pasta entregar ao parlamentar. No ano passado, ao articular a ampliação do espaço do Centrão na gestão Lula, Lira sonhou com a Saúde, mas conseguiu para os colegas de grupo os ministérios do Esporte e de Portos e Aeroportos. Assessores presidenciais dizem que o deputado dificilmente aceitaria um posto desse tipo, de envergadura menor — e que Lula dificilmente aceitaria acomodá-lo na Saúde, por mais que faça ressalvas à atuação de Nísia Trindade. Essa incompatibilidade de expectativas é um nó a ser desatado.
Outro entrave diz respeito à próxima corrida presidencial. Se fizer a reforma, Lula cobrará dos novos ministros mais empenho no debate político com a oposição, ajuda para conseguir votos no Congresso e comprometimento com sua campanha à reeleição. A dúvida no Palácio do Planalto é se Lira aceitará, com dois anos de antecedência, fechar compromisso pela defesa de mais um mandato para o petista.