O peso da inflação no café da manhã de Bolsonaro
Com exceção do leite condensado, os itens do lanche de estimação do presidente subiram mais de 10% no período de um ano. Só o café aumentou 67%

Uma reportagem da nova edição de VEJA mostra como a inflação e o poder de compra das famílias terão peso decisivo nas eleições presidenciais deste ano. O aumento generalizado dos preços é um dos principais obstáculos à reeleição de Jair Bolsonaro (PL) e dificulta a tentativa do presidente de reduzir a rejeição a ele, que é 20 pontos percentuais maior do que a de Lula (PT), segundo as pesquisas.
Nos doze meses encerrados em abril, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 12,13%. No período, a alimentação em casa, a gasolina, o botijão de gás e a energia residencial subiram, respectivamente, 16,12%, 31,22%, 32,34% e 20,52%. Conforme levantamento do PoderData, o presidente é considerado o principal responsável pelo aumento dos preços por 42% dos entrevistados, muito à frente dos governadores, que aparecem em segundo lugar, com 18%.
A inflação tem custado pontos a Bolsonaro na disputa eleitoral e também pesaria em seu bolso se ele não tivesse a despesas do dia a dia custeadas com recursos públicos, em razão do cargo que ocupa. O caso do lanche de estimação do presidente é ilustrativo. Em um ano, o pão francês subiu 13,09%, e o café, 67,53%. Já o leite longa vida, que pode ser misturado no café, aumentou 23,37%.
Na foto que ilustra este texto, Bolsonaro come manteiga, que encareceu 10,05% em um ano. Ele já disse, no entanto, gostar muito de pão francês com leite condensado. Para a sorte do mandatário, essa alternativa sai mais em conta, já que, de todos os itens de seu lanche, o leite condensado foi o único a manter o preço quase estável — o reajuste, considerando os doze meses em abril, foi de 1,14%.