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O novo cabo de guerra entre a J&F e o Ministério Público

Após ser acusado de atuar para beneficiar empresa concorrente, procurador Anselmo Lopes anunciou que vai processar holding dos irmãos Batista por difamação

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 nov 2023, 14h37 - Publicado em 18 nov 2023, 12h49

O cabo de guerra entre a gigante J&F e o Ministério Público Federal ganhou um novo capítulo neste sábado, 18, com a decisão do procurador responsável pelo acordo de leniência da holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista de apresentar uma acusação criminal de difamação contra a empresa. O motivo: a companhia acusa o procurador Anselmo Lopes de ter atuado em uma suposta parceria espúria com o consultor Josmar Verillo para prejudica-la.

Nos últimos dias, a J&F bateu às portas do Supremo Tribunal Federal (STF) com um pedido para ter acesso ao acervo de mensagens hackeadas de procuradores da Lava-Jato que, entre outras coisas, mostrou que o então juiz Sergio Moro agia com parcialidade em casos do petrolão e levou à anulação de sentenças e decisões que ele havia proferido contra o presidente Lula. É nessas mensagens, acredita a empresa, que ela conseguirá encontrar elementos para sustentar a tese de que, não só nos casos do petista, mas também nos dela própria teria havido irregularidades.

A ofensiva contra Anselmo Lopes tem como pano de fundo a disputa da J&F com a Paper Excellence pelo controle da Eldorado Celulose. A holding dos irmãos Batista alega que foi coagida a celebrar o acordo de leniência na esteira da Lava-Jato e que o então consultor da Paper, Josmar Verillo, mantinha diálogos com o procurador para prejudicar a J&F. Em petição encaminhada ao STF, a empresa acusa Anselmo de “chantagem institucional”, o que o levou a processar a empresa por difamação.

Anselmo diz que sequer conhece Verillo, afirma que nunca se reuniu com ele e acusa o advogado da J&F Francisco de Assis Silva de atacá-lo. Além de indenização por danos morais, o procurador afirma que a procuradoria-geral da República deve analisar se Silva pode ter o acordo de delação premiada que firmou rescindido por suposta falta de boa-fé.

Em maio de 2017, a partir de uma gravação de Joesley Batista, o país conheceu a célebre declaração do ex-presidente Michel Temer – ‘Tem que manter isso, viu?’ – no que o Ministério Público interpretou como um aval do político para que fosse paga propina em troca do silêncio do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Foram abertos quase 90 inquéritos em decorrência dos depoimentos prestados pelos sete delatores da J&F, incluindo Francisco de Assis Silva. Os irmãos Batista receberam a “imunidade processual”, o que equivale a uma garantia de perdão pelos crimes que cometeram, para produzirem provas contra Temer e políticos do quilate dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff e do ex-presidenciável tucano Aécio Neves.

Nenhum dos delatados foi penalizado e, a partir das mensagens hackeadas, a Lava-Jato foi à lona e acordos de delação caíram em descrédito.  A maré também virou para a J&F quando o então procurador-geral da República Rodrigo Janot acusou Joesley de burlar a delação premiada, omitir fatos e usar informações privilegiadas para enriquecer as empresas do grupo.

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