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O misterioso depósito de 400.000 reais na conta pessoal de Mauro Cid

Transferência considerada suspeita pela Polícia Federal foi feita por sócio de irmão de Gabriela Cid, mulher do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro

Por Hugo Marques e Ricardo Chapola
Atualizado em 15 Maio 2023, 19h38 - Publicado em 10 Maio 2023, 23h23

A Polícia Federal identificou um depósito considerado suspeito, no valor de 400.000 reais, na conta do ex-ajudante de ordens de  Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. A transação foi localizada pelos investigadores em uma quebra de sigilo feita nas contas do militar durante a operação que culminou na prisão dele na semana passada por suspeitas de participar de um suposto esquema de falsificação de documentos de vacinação.

Segundo o relatório da PF anexado ao inquérito, Cid recebeu 400.000 reais de João Norberto Ribeiro, tio de sua esposa, Gabriela Cid, no dia 25 de março de 2022. João é sócio de Gilberto Santiago Ribeiro, irmão de Gabriela e cunhado do tenente-coronel Cid. Moraes determinou a quebra do sigilo bancário do tio de Gabriela para tentar descobrir do que se trata esse pagamento.

O nome de Gilberto, cunhado de Cid, aparece em outro trecho da investigação. A esposa do tenente-coronel teria usado os dados de Gilberto para emitir um certificado de vacinação na plataforma ConectSus, no dia 30 de dezembro de 2021. No mesmo dia, Gabriela Cid embarcou em viagem para os Estados Unidos. Ela viajou pelo menos três vezes com registros de vacinação adulterados.

De acordo com investigadores, a mulher do ajudante de ordens de Bolsonaro não se vacinou e conseguiu inserir dados falsos em seu cartão justamente em dezembro de 2021. Ela também teria contado com o auxílio do marido, de um sargento (Luis Marcos dos Reis) e também de um sobrinho, que é médico (Farley Vinícius).

A menção a essa transferência de 400.000 reais para Mauro Cid acontece em um trecho do relatório no qual a PF esmiúça as contas bancárias ligadas ao militar. Durante a investigação, os agentes detectaram uma prática recorrente nas transferências. A suspeita é de que o tenente-coronel transferia recursos de sua conta particular para outros servidores ligados à Ajudância de Ordem, ou à Presidência. Esses funcionários, por sua vez, sacariam o dinheiro em espécie e repassavam o montante – também em espécie – a amigas da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, a pedido dela.

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Uma dessas transações beneficiou Maria Helena Graces de Moraes Braga, que trabalhou no gabinete de Jair Bolsonaro na época em que era deputado federal, entre 2015 e 2016. Ela é casada com um tio de Michelle Bolsonaro, chamado Antonio Braga Firmo Ferreira. “Os elementos trazidos aos autos revelam fortes indícios de desvio de dinheiro público, por meio da Ajudância de Ordens da Presidência, destinado originalmente ao atendimento de despesas da Presidência da República, direcionando valores para pessoas indicadas por Giselle dos Santos Carneiro da Silva e Cintia Borba Nogueira Cortes, assessoras da primeira-dama Michelle Bolsonaro”, diz um trecho do relatório da PF. “Não há motivo aparente para que Cid transfira recursos de sua conta pessoal para pagar Maria Helena”, pontua o texto.

No dia em Mauro Cid foi preso, na semana passada, a PF cumpriu mandado de busca e apreensão nos endereços do tenente-coronel. Na casa do militar, os agentes apreenderam 35 mil dólares em espécie.

VEJA procurou a defesa de Mauro Cid, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

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