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O jogo truncado de Pacheco para ser o nome de Lula ao governo de Minas

Ex-presidente do Congresso pode ter que deixar o PSD, que flerta com a hipótese de apoiar o candidato de Zema

Por Pedro Jordão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 20 jul 2025, 08h00

Há pouco mais de um mês, em evento em Mariana, região central de Minas Gerais, para anunciar o acordo de reparação pelo rompimento da barragem do Fundão em 2015, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou um recado ao se dirigir ao senador e ex-presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD): “Futuro governador, futuro governador”, disse duas vezes para enfatizar a mensagem. O cortejo não foi sem motivo. Pacheco é o único nome viável de Lula para disputar o governo de Minas, o segundo maior colégio eleitoral do país e hoje um reduto da direita, comandado desde 2019 pelo adversário Romeu Zema (Novo). Para tanto, Pacheco já tem andado pelo estado e aparecido com Lula em inaugurações e anúncios de obras, mesmo sem ainda se colocar como pré-candidato. Com o PT enfraquecido, a ideia de Lula é apoiar Pacheco na construção de uma frente ampla capaz de levar um aliado ao poder. O plano do petista está cada vez mais claro, mas, a julgar pela movimentação nos bastidores da política mineira, a execução não será fácil.

O principal obstáculo está no próprio partido de Pacheco, o PSD. A sigla, comandada por Gilberto Kassab — que tem se inclinado cada vez mais à direita para 2026 —, pode não só optar por apoiar o candidato de Zema, o vice-governador Mateus Simões (Novo), como filiá-lo à legenda. O partido tem a maior bancada da base governista na Assembleia Legislativa (dez deputados) e é muito próximo de Simões. A percepção governista é de que é possível formar uma grande chapa de direita que incluiria PSD, PL, União Brasil, PP e, claro, o Novo. Um fator que ajudaria a atrair aliados é a aprovação do governo, que está em torno de 65%, segundo as pesquisas recentes. “O círculo de apoios vai se consolidando, porque é um apoio ao atual governo. Eu acredito que o PSD estará conosco”, afirma Simões.

ESFORÇO - Mateus Simões: mal nas pesquisas, vice tenta atrair grandes siglas
ESFORÇO - Mateus Simões: mal nas pesquisas, vice tenta atrair grandes siglas (Cristiano Machado/Imprensa MG/.)

A trajetória recente do PSD no estado estimula apostar em qualquer cenário. O partido cresce em tamanho (é o maior de Minas Gerais, com 141 prefeituras), mas também em ambiguidades. Considerado o mais leal a Zema no estado, faz parte da base de Lula, com três ministros, entre eles Alexandre Silveira (Minas e Energia), um importante quadro político mineiro. Em 2022, o PSD contou com o apoio do PT na candidatura de Alexandre Kalil ao governo e, em 2024, na de Fuad Noman à prefeitura de Belo Horizonte. Agora, o presidente estadual da legenda, deputado Cassio Soares, sinaliza uma mudança. “O alinhamento que Kassab tem dado é um pouco divergente do campo do governo Lula. Mas o PSD é equilibrado. Nós vamos aguardar o momento adequado para discutir à mesa”, afirma.

Pacheco já percebeu o problema e vem insistindo que o PSD não deve se aliar a Zema. “O PSD é o maior partido de Minas, muito pela contribuição que eu dei. Acho que ele não pode se entregar a um projeto que não é adequado e já se mostrou ineficaz para soerguer o estado”, disse na segunda 14, em entrevista à Rádio Itatiaia. De qualquer forma, o senador já avalia outras possibilidades, como o MDB (ao qual foi filiado entre 2009 e 2018), o PSB (que é mais próximo a Lula) e o União Brasil. A equipe do senador nega que a mudança do PSD esteja sendo negociada. Simões, por outro lado, aposta que a movimentação irá ocorrer e disse que aguarda para negociar melhor o seu futuro: “Estou esperando a saída de Pacheco para fazer isso abertamente. Respeito muito o senador e, enquanto ele estiver no PSD, não vou ficar cortejando o Kassab”.

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SINAIS - Gilberto Kassab: cacique se movimenta em direção à direita no estado
SINAIS - Gilberto Kassab: cacique se movimenta em direção à direita no estado (Aloisio Mauricio/Fotoarena/.)

Independentemente de como a direita irá se organizar, não há dúvida de que ela será o rival a ser batido por Lula e seu candidato em 2026. Segundo o Paraná Pesquisas, a depender do cenário, o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos) e o deputado Nikolas Ferreira (PL) chegam perto de 40% das intenções de voto, enquanto Kalil tem 20% e Pacheco, 15%. Já Simões patina em 3%, o que torna mais necessária uma aliança de peso. “A esquerda está muito fraca, soma pouco, mas a direita também precisa se acertar. O cenário está em aberto, só sabemos que vai ficar entre o centro e a direita”, analisa Carlos Ranulfo, doutor em política pela UFMG. A direita, embora forte, pode ir rachada para a eleição. “Se eu continuar liderando as pesquisas no ano que vem, chegando a mais de 50%, é o povo que está querendo que eu seja governador. Eu não posso fugir disso”, afirma Cleitinho.

O xadrez em Minas é um dos mais relevantes para as decisões nacionais, dado que, desde a redemocratização, nenhum presidente chegou ao Palácio do Planalto sem vencer no estado. Kassab, que elegeu dois governadores pelo PSD em 2022, mas pode chegar com seis em 2026, será, com o seu partido, uma figura central para ajustar as peças no intrincado tabuleiro.

Publicado em VEJA de 18 de julho de 2025, edição nº 2953

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