O jogo duplo de evangélicos no apoio ao candidato de Lula ao STF
Se confirmado para o tribunal, Jorge Messias deverá julgar pautas conservadoras, mas também ficará responsável pelo caso conhecido como ADPF das Favelas
A equipe do advogado-geral da União (AGU) Jorge Messias identificou episódios de jogo duplo entre setores evangélicos que empenharam apoio ao nome dele na busca dos 41 votos necessários para ser confirmado ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Embora, em um primeiro momento, o pastor Silas Malafaia tenha dado indicativos de que trabalharia pelo nome do evangélico para a mais alta corte do país, o endosso ainda não se confirmou na prática. Ao contrário. Ao lado de Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), expoente da religião na Câmara, a ideia deles, já tornada pública, é vincular o nome do candidato a práticas abortistas.
A acusação tem como pano de fundo o fato de Messias ter emitido um parecer como Advogado-geral da União em que endossava o procedimento de assistolia fetal, recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) quando a gestação é interrompida acima de 20 semanas, em uma ação judicial apresentada pelo PSOL ao STF. O desgaste, já precificado, veio acompanhado de outra bronca.
Neopentecostais que desde o início do governo Lula se reuniram pelo menos meia dúzia de vezes com Messias para discutir pautas caras à bancada evangélica no Congresso, por exemplo, ainda não lhe estenderam a mão no périplo que tem feito em busca de apoio no Senado. Ou se omitem ou trabalham nos bastidores contra o nome do indicado do governo para o Supremo, dizem, sob reserva, articuladores pró-Messias.
Ao contrário do notório saber jurídico e reputação ilibada, a religião, qualquer que seja, não é critério para se aferir se o nome de um aspirante ao STF deve ou não ser confirmado pelo Senado. A opção privada por determinada fé, no entanto, ganhou contornos de ativo político desde que o ex-presidente Jair Bolsonaro anunciou que indicaria um jurista “terrivelmente evangélico” para a Corte. Escolhido, André Mendonça hoje é um dos principais cabos eleitorais de Messias, frequentador da Igreja Batista Cristã de Brasília.
Se conseguir ultrapassar a barreira que hoje não lhe garante com 100% de certeza os votos para ocupar a cadeira aberta com a aposentadoria de Luís Roberto Barroso, para além de pautas conservadoras, Jorge Messias herdará como integrante do Supremo a relatoria da chamada ADPF das Favelas, hoje sob o comando provisório de Alexandre de Moraes, e que impõe regras para operações policiais em comunidades carentes.
Ainda sob ecos da operação no Rio de Janeiro que deixou mais de uma centena de mortos nos complexos da Penha e do Alemão, a segurança pública, como se sabe, mantém-se no posto de maior preocupação dos brasileiros, com 62,7%, seguido de corrupção, com 58,9%, de acordo com pesquisa AtlasIntel divulgada na segunda-feira, 1º, é deverá ser tema prioritário nas eleições do próximo ano.
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