O dilema do Republicanos sobre ação contra Quaquá no Conselho de Ética
Partido analisa se eventual representação contra o deputado pode atrapalhar a candidatura de Marcos Pereira à presidência da Casa
Presidente do Conselho de Ética da Câmara, o deputado federal Leur Lomanto Jr (União-BA) disse nesta quarta-feira, 27, que o colegiado ainda não recebeu representação questionando a conduta de Washington Quaquá (PT-RJ), autor de uma agressão contra um parlamentar do Republicanos na semana passada, no plenário da Casa, durante a solenidade de promulgação da reforma tributária.
“A notícia que tivemos é que o Republicanos iria acionar o colegiado. Afinal, o fato, em si, é grave. É uma agressão física a um parlamentar dentro do Congresso Nacional”, disse Lomanto Jr a VEJA. A inação registrada até aqui tem uma explicação política. O presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira, pretende concorrer ao comando da Câmara em fevereiro de 2025, contra um nome lançado pelo atual ocupante do cargo, Arthur Lira (PP-AL).
Para ter chances na disputa, Pereira espera contar com o apoio do PT. Diante disso, alguns de seus colegas de partido alegam que uma representação contra Quaquá, um petista afeito a composições com legendas de centro e até de direita, pode prejudicar negociações futuras. O presidente Lula costuma dizer que o governo não interferirá na disputa pelo comando da Câmara. Já os deputados petistas têm considerado a possibilidade de apoiar tanto Marcos Pereira quanto Antônio Brito, líder do PSD.
Confusão em plenário
Na semana passada, Quaquá desferiu um tapa no deputado federal Messias Donato (Republicanos-ES) depois de uma confusão na sessão solene que marcou a promulgação da reforma tributária. O evento contou com a presença de autoridades importantes, como o próprio presidente Lula, alvo de xingamentos dos parlamentares de oposição. A confusão entre os dois congressistas teria ocorrido porque Messias tentava impedir que Quaquá gravasse os xingamentos proferidos por oposicionistas contra Lula na ocasião.
Em nota emitida pela assessoria de Quaquá naquele dia, o parlamentar escreveu que a reagiu a uma agressão anterior. Ele relatou ter sido empurrado e ter sido segurado pelo braço. “Nunca utilizo violência como método, mas não tolero agressões verbais ou físicas da ultra direita. E sempre reagirei para me defender. Bateu, levou”, escreveu o petista.