Os detalhes do arranjo entre o PL e Jair Bolsonaro
Presidente quer emplacar nomes para o Senado, como o do empresário Luciano Hang; partido quer a deputada Soraya Santos (RJ) no TCU

A filiação de Jair Bolsonaro ao PL, marcada para segunda-feira, 22, foi acordada depois de uma articulação intensa entre o presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, e o chefe do Executivo, intermediada pelo senador Jorginho Mello (PL-SC). O dote de Bolsonaro inclui a definição de alguns nomes para concorrer ao Senado, como o do amigo e empresário Luciano Hang por Santa Catarina. Mello, próximo de ambos, pretende tentar o governo. Bolsonaro obteve 76% dos votos válidos no segundo turno no Estado em 2018.
O acordo também incluiu outras contrapartidas, como o apoio do presidente para a indicação da deputada Soraya Santos (PL-RJ) à vaga que será aberta em julho de 2022 no Tribunal de Contas da União. Próxima do presidente da Câmara, a parlamentar trabalha para ser votada pelos colegas na Casa.
Outros nomes para o Senado que agradam Bolsonaro estão na mesa de discussão, como o do deputado Helio Negão (PSL-RJ) e o do ex-ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio (MG), assim como para o governo do Estado, como o da ministra Tereza Cristina (Mato Grosso do Sul).
A negociação entre o presidente e o PL durou meses. Mello fez o primeiro convite a Bolsonaro, com o aval de Costa Neto, durante uma agenda no Palácio do Planalto em dezembro do ano passado. O senador disse que a legenda estava de portas abertas ao presidente e repetiu o convite ao menos outras três vezes ao longo de 2021 –a última no fim de outubro.
Nos últimos meses o PP também tentou atrair o chefe do Executivo para a legenda. O ministro da Casa Civil e presidente do partido, Ciro Nogueira, propôs diversos arranjos para filiar Bolsonaro, que, ao final se interessou por uma peculiaridade do PL: tem apenas um mandatário, Costa Neto — diferentemente do PP, que tem dezenas de caciques.
Aliados de Bolsonaro reconhecem nos bastidores que o histórico de Costa Neto, condenado no mensalão, pode prejudicar a campanha à reeleição, especialmente porque o ex-ministro Sergio Moro, símbolo da Lava Jato, deve concorrer à vaga no Palácio do Planalto. Moro é reconhecido pelo entorno de Bolsonaro como a maior ameaça ao presidente por disputar parte do mesmo eleitorado de direita cuja principal bandeira é o discurso de luta contra a corrupção. O ex-juiz foi auxiliar da ministra Rosa Weber no STF justamente no julgamento do mensalão em 2012.