O derretimento do prestígio de Lula entre duas eleições municipais
Em 2008, presidente tinha uma aprovação de 64% e era um cabo eleitoral cobiçado por toda sorte de candidatos a prefeito, um quadro bem diferente do atual
Em 2008, em seu segundo mandato na Presidência da República, Lula era um sucesso de popularidade. Uma pesquisa Datafolha divulgada em setembro daquele ano, pouco antes da eleição municipal, revelou que o governo do petista era considerado ótimo ou bom por 64% dos entrevistados, enquanto apenas 8% avaliavam a gestão como ruim ou péssima.
Esse prestígio era um valioso ativo político. Lula era cortejado como um grande cabo eleitoral, assediado até por candidatos a prefeito filiados a partidos de oposição. As legendas de sua base, preocupados com a possibilidade de ele desequilibrar a disputa a favor do PT, pediam ao presidente que não tomasse partido nas disputas entre governistas e só subisse nos palanques em caso de confronto entre um aliado e um opositor.
Popular, Lula conseguiu influenciar a votação . O PT, por exemplo, elegeu quase 550 prefeitos, um crescimento de mais de 30% na comparação com 2004. Já as duas principais siglas de oposição da época, PSDB e DEM (incorporado ao atual União Brasil), saíram como grandes derrotados no primeiro turno.
Dias de rejeição
Hoje, o quadro é diferente. Em 2020, ainda como reflexo da Operação Lava-Jato, da recessão econômica legada por Dilma Rousseff e da ascensão ao poder de Jair Bolsonaro, o PT elegeu apenas 182 prefeituras e não conquistou nenhuma capital. Em 2024, o partido espera crescer nas eleições municipais, mas não conta com um salto expressivo.
Um dos motivos é a opção pelo projeto de reeleição de Lula em 2026, que levou o presidente a determinar aos correligionários que abrissem mão de candidaturas em grandes colégios eleitorais, como São Paulo e Rio de Janeiro, em nome de candidatos de siglas aliadas, que, assim, seriam estimuladas a retribuir o favor daqui a dois anos.
Outro motivo é a própria popularidade de Lula. A mais recente pesquisa Datafolha mostrou que 35% dos entrevistados avaliam seu governo como ótimo ou bom, quase 30 pontos a menos do que em setembro de 2008. Já a taxa de reprovação é de 33%, 25 pontos a mais do que a registrada no levantamento de 2008.
O petista ainda enfrenta altos índices de rejeição. Em São Paulo, onde o PT apoia o deputado federal Guilherme Boulos (PSol), 66% disseram que não votariam num desconhecido apoiado pelo presidente, de acordo com levantamento Genial/Quaest. É um número considerável, ainda mais se levado em conta o fato de que o presidente venceu Bolsonaro na capital paulista em 2022.